Humpty Dumpty sat on the wall,
Humpty Dumpty had a great fall.
All the king’s horses
And all the king’s men
Couldn’t put Humpty Dumpty
Together again.
É, ainda, muito ténue a linha do equilíbrio. Aquela linha que me diz que, do outro lado, é tudo tão mais fácil, tão mais simples, tão mais cómodo e confortável.
Não é difícil ultrapassar essa linha. É, ainda, demasiado fácil. E tentador. É simplesmente ir. Deixar-me ir.
Não é fácil manter-me em cima do muro, não ultrapassar essa linha. Não é fácil porque não sou capaz de simplesmente varrer as situações para um canto, ou até mesmo escondê-las debaixo do tapete como se, não estando visíveis, não existissem.
“Um dia atrás do outro atrás do um”. Retenho e repito. Há tanto tempo. “O tempo todo que precisares”, disseram-me. Disseste-me. Mas que hoje, para ti, já é demasiado tempo.
A raiva está cá. Toda. Se calhar já não o ódio, mas a raiva. Toda. E a vontade de expôr. De falar. E dizer a quem não conheço que deves ser um orgulho. Que és, realmente, um orgulho. Especialmente pela forma como tão bem sabes varrer seja o que for para debaixo do tapete.
É tão demasiado ténue esta linha… Que não ultrapasso não sei porquê. Mas que me garante que do outro lado é tudo tão mais simples, mais fácil, mais cómodo e até mais confortável.
Não quero voltar atrás na minha resolução de final de ano, final de ciclo. Muito por orgulho. Muito por saber que manter a minha decisão é o melhor para mim. O mais saudável. Mas a raiva… A raiva vai crescendo. Todos os dias mais um bocadinho. “Um dia atrás do outro atrás do um”. A ironia dos dias……
Um dia. Um dia exponho quem ainda hoje me magoa. E tenho perfeita noção que essa exposição servirá unicamente para magoar, ferir. Porque eu assumo a minha parte da responsabilidade dos danos. Mas não estava sozinha quando os danos foram provocados.
Humpty Dumpty sat on the wall…