Segunda feira é chegar ao fim do dia cansada como se fosse sexta feira. Não é a primeira vez que o digo aqui. Simplesmente porque não é a primeira vez que o sinto assim. Cheguei a acreditar que aqueles dois meses e meio de baixa em casa tivessem sido o suficiente para recuperar. Já percebi que não foram… Mas voltar ao trabalho foi necessário. Não pelo trabalho. Mas porque, de baixa ou não, continuo a ter contas para pagar. E foi só isso que me fez regressar quando regressei. Se o devia ter feito quando o fiz? Começo a acreditar que não…
Por outro lado, vou percebendo a dinâmica das distâncias. 2.500 km é demasiado longe para desenvolver. Mas menos de 200 km, mesmo com um enorme “mas”, são fáceis de gerir. E permitem-me ser eu por inteiro, impondo os meus limites, indo até onde acho que devo ir. Já percebi que carrego em botões que andavam a precisar de ser carregados. Mas esses botões existem dos dois lados, cá e lá. E é tão bom quando é assim, em sintonia, que algo se desenvolve. Ainda não me atrevo a dar-lhe um nome. A definir um sentimento. Fiquemo-nos, para já, por uma sensação. Que não sei definir. Mas que me sabe bem. Que me rouba sorrisos. Que me faz saltaricar por aí e cantarolar de forma tímida.
Não, ainda não me atrevo a dar-lhe um nome. A definir um sentimento. Mas é uma sensação que há algum tempo não sentia. Porque não me faz sentir sozinha nisto. Seja lá isto o que for. Mas há um lá e um cá. Que se encontraram a meio caminho de uma forma tão natural, tão pura, tão bonita. Quase sobrenatural. E que todos os dias se reencontram nesse meio do caminho, como se fosse algo que existe desde sempre.
Segunda feira é chegar ao fim do dia cansada como se fosse sexta. Mas depois há isto, seja lá isto o que for. Mas que me faz sentir viva e me ajuda a suportar o cansaço só porque a noite termina sempre numa união única. E tão bonita.
Amanhã será melhor. Mais ou menos cansada, não importa. Porque há um lá e um cá que todos os dias se reencontram a meio do caminho. E só isso já me faz acreditar que amanhã será melhor.