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Dia demasiado longo. Com vários marcos. Vários assuntos por onde poderia pegar. Desde a exaustão que um simples banho causa, passando pela coragem de arrumar as cápsulas de café no sítio delas e com uma organização que só eu entendo, até ao pedido de ajuda atabalhoado que é lido como se fosse a falar de cabelos. Não foi. Não é. E, para terminar a noite, ele a dizer-me a temida frase “temos que falar“… Mas, e talvez para não me deixar tão assustada, apreensiva, insegura, a mensagem seguinte: “está tudo bem, só estou preocupado contigo“. E voltei a conseguir respirar, não nego.

Apesar de, devagarinho, estar a conseguir dar passos pequeninos na direcção certa, também eu estou preocupada comigo mesma. Porque os sinais de alerta estão cá. E eu já sei reconhecê-los. Daí lançar um pedido de ajuda. E a única coisa que peço é tão simples quanto continuar ao meu lado quem realmente gosta de mim e se preocupa comigo e me quer ver bem. E que, no fundo, é exactamente o mesmo que eu lhe peço a ele. Que, desde o primeiro dia, ainda isto que me apanhou na curva não passava de uma suspeita, me deu a mão, prometeu não largar enquanto fazíamos o caminho juntos até à confirmação e nem depois disso ele me largou a mão para que eu fizesse o caminho sozinha. Não. Mantém-se de mão dada comigo. Faz o caminho comigo sempre sem me largar a mão. Ele, sempre ao meu lado. Do meu lado.

E, não nego, depois do pedido de ajuda atabalhoado que lancei hoje acho perfeitamente normal que ele me diga que está preocupado comigo. Sei que, se fosse ao contrário, também eu estaria preocupada com ele.

Mas a conversa só irá acontecer amanhã. Porque já é tarde. E porque esta conversa vai ser tida com tempo. Sem pressa. Para não haver coisas por dizer. Não haver confusões e mal entendidos. Não tenho pressa. Deixei de ter pressa quando entrei nesta espiral dos últimos dois anos que culminou num diagnóstico que continuo a não conseguir aceitar e muito menos verbalizar. E é muito por isso que lanço um pedido de ajuda atabalhoado a quem o quiser aceitar.

Amanhã. Amanhã é um novo dia. Agora é preciso ir dormir e descansar depois de um dia tão longo e tão intenso e preenchido de tantas coisas que me deixaram com a cabeça a mil. E amanhã logo se vê. Agora é urgente descansar. O resto? É só isso mesmo: o resto!

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