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Dia de Solstício de Verão. Quando a luz atinge o seu expoente máximo na duração do dia. Quando a noite é reduzida ao fechar um ciclo. Em Setembro, no Equinócio de Outono, o equilíbrio. Quando a luz e a sombra se encontram num momento de ressonância, de encontro com o mesmo peso, a mesma força…

Dia tão estranho, este de hoje. Dia de Teleconsulta com uma duração prevista de 50 minutos que, rapidamente e sem darmos por isso, passou a 99 minutos. Uma hora e trinta e nove minutos. De conversa, de partilha de ideias, pensamentos e emoções. Aquela conversa terapêutica que me ajuda a não me perder no meu caminho. Caminho de aceitação de um diagnóstico que não procurei e que ainda não digeri, não processei. Um caminho que começa, antes de mais nada, por um processo que há algum tempo que pretendo seguir: o auto-conhecimento. Porque cada vez mais sinto que sei o que sou, mas não sei quem sou.

Quem sou passa muito por o que sou. No fundo, não existe um sem o outro. É a soma dos dois que totaliza o todo que sou eu. E sou muito. Sou tanto. Sou uma imensidão. De experiências, de histórias, de fracassos e sucessos, de vitórias e derrotas. De várias formas de superação. Aquela superação em eventos de vida no passado que reconheço agora, aquela superação que procuro agora para o evento de vida actual com uma magnitude que ainda não ousei pesar…

A superação. É o que procuro. Já a alcancei antes. Em situações que, na altura, me eram pesadas, me eram duras. Mas as quais eu nunca permiti que dominassem os meus objectivos. Enfrentei porque não via sequer outra hipótese. Ficar parada, ficar presa, ficar imóvel, nunca foram opção. Sempre enfrentei como (não) sabia. Sempre enfrentei como podia. E sempre superei os obstáculos que me foram surgindo pelo caminho.

É disso que não me posso esquecer: sempre enfrentei. Tudo. Nunca nada com esta magnitude, é verdade. Mas também agora não aceito ficar parada, não aceito ficar presa, não aceito ficar imóvel. Porque essa não sou eu. E o meu corpo pode estar danificado, mas a minha mente permanece intacta. Ou até mais forte, na verdade. O resto? O resto não interessa. O que interessa agora sou eu. E se o meu objectivo é não perder a mobilidade, é isso mesmo que eu vou alcançar: não vou perder a mobilidade.

Há, claro, um longo caminho a percorrer, começando logo pelo processo de auto-conhecimento. Para não me esquecer de mim mesma e de tudo o que sou e que no final dessa conversa de 99 minutos foi tão bem reduzida a uma só palavra: guerreira!

Foram 99 minutos de manhã que me esgotaram, que me sugaram toda a energia que, já sendo pouca, ainda tinha de manhã. E que me esgotaram fisicamente de uma forma tão violenta que me exigiu o que não fiz: descansar para recuperar, para recarregar a bateria. Dormir! Não fiz nada do que o meu corpo me pediu. Mas fiz o que a minha mente sugeriu para o dia de Solstício: fui até ao paredão ver o pôr do Sol na praia. Despedir-me do Sol de Primavera e receber o Verão de braços abertos. E aí sim, fiz o que a minha mente me sugeriu. E saí de casa. E dei uso às pernas. E vi o pôr do Sol na praia. E vi também as nuvens que pareciam pinceladas numa tela. Pinceladas com várias cores. Nuvens que fluiam no céu com apontamentos cor de rosa…

A hora de recuperar dos 99 minutos é agora. Este dia já vai demasiado longo. A fadiga fez-se presente o dia inteiro, o cansaço só chegou agora. E amanhã cá estou de novo.

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