Quarta feira, dia do meio, dia nim, nem não nem sim. Ou um dia de merda…
Dia longo. E extremamente cansativo. Sair de casa pouco antes do meio dia porque, mais uma vez, os bombeiros chegaram mais cedo para me levarem à fisioterapia que só começa às 13h30. Eram 12h20 e estávamos no Hospital.
Apanhar um bocadinho de Sol no jardim do Hospital, passar pela cafetaria e arrastar-me para a fisioterapia. Sim, as minhas pernas já não estavam muito boas quando entrei. Doridas, muito. Dores, tantas. Não só nas pernas, um pouco por todo o corpo. E a dor de cabeça, mais uma vez, a instalar-se.
A conversa com a fisioterapeuta que me deixou (muito) apreensiva. Existe a real possibilidade de me darem alta da fisioterapia no final deste ciclo. E eu não quero isso. Porque ali é o único sítio onde estão, de facto, a fazer algo por mim. Nem que seja só a trabalhar o equilíbrio e a reaprender a andar o melhor possível. Vamos ver… Só sei que não posso perder esse apoio. Não estou ainda em condições de andar sozinha. E, claro, a frustração faz-se presente…
Sair da fisioterapia directamente para a Junta Médica da Segurança Social. Disseram-me que estava tudo muito atrasado e que ainda ia ter que esperar um bocado. Realmente, a sala de espera estava muito cheia, com muita gente a esperar de pé. Mas, afinal, acabei por não esperar tanto assim.
Gabinete 3. Estava apreensiva. Não sabia que técnicos me calhariam hoje. Ao entrar, percebi que eram os mesmos de Novembro. Que me ouviram na altura, que me renovaram a baixa, que foram informados sobre a suspeita que havia e cuja consulta de especialidade ainda não tinha acontecido e que, no final, me disseram “não se preocupe, a senhora está muito bem”. Na altura, já a sair do gabinete, ri-me para dentro. Já sabia das dificuldades que sentia e que não fazia ideia que iam piorar tão depressa.
Desta vez, pediram-me o relatório do neurologista, entreguei-o, olharam para ele na diagonal, confirmaram no relatório que necessito de canadiana para me deslocar tal como me apresentei hoje devido à dificuldade na marcha. Desejaram-me as melhoras, despediram-se e eu sem saber o resultado. Passei no balcão do secretariado, como é suposto, assinei o que tinha a assinar e só nessa altura percebi: a baixa estava autorizada. Não nego que me saiu um peso de cima.
Chegou a hora de voltar para casa. A paragem do autocarro não é demasiado longe. Mas a inclinação da rua é demasiado grande. Descer a rua foi um desafio. Felizmente não ia sozinha. Canadiana no braço esquerdo, agarrada à minha mãe com o braço direito… Custou. Muito. Demasiado para quem já não estava bem das pernas antes da fisioterapia, levou um novo tareão e trabalhou a sério as pernas, já tinha ido da paragem do autocarro até à Segurança Social e subido, também a custo, parte da rua demasiado inclinada.
Apanhar o autocarro de volta para casa, sair na paragem do costume e arrastar-me até ao café. Sem força, estabilidade e/ou coordenação nas pernas, eram 17h quando cheguei ao café… E, durante todo o percurso, pensar que seria chegar a casa, descansar uns minutos e voltar a sair para estar às 19h no Yoga…e sempre a pensar “eu não sei como vou aguentar ir até lá, fazer a aula e regressar a casa”. O Yoga fica a 1km de distância. Ida e volta são 2km. Não é muito. Faz-se bem. Mas hoje essa distância ganhou uma dimensão insuportável. Não estava em condições para caminhar mais 2km. Nem para dar mais dois passos!
Estive um pouco na esplanada do costume. A 100 metros do meu prédio. Não sei como consegui caminhar até casa. Só sei que estou, de facto, em casa. E, mal consegui mudar de roupa, aterrei no sofá e automaticamente adormeci. Dormi profundamente por mais de duas horas, tal era o cansaço que trazia comigo. Acordei, jantei e agora cadeirão. Com muitas dores nas pernas, sem força e a ter que me arrastar até à cama.
Amanhã, felizmente, não tenho nada a acontecer. Irei acordar à hora que for. Queria muito ir até à praia à tarde, mas acho que vou optar por descansar. Recuperar de um diagnóstico muito longo, muito cansativo, muito difícil. E, entretanto, a dor de cabeça continua presente. E eu só quero que me ajudem com tudo isto. Porque eu já não sei mais o que fazer. E não posso, de maneira nenhuma, ter alta da fisioterapia. O único local onde têm feito alguma coisa para me ajudar…