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Dia longo e estranho, este.

Mais uma noite interrompida com passagem prolongada pelo cadeirão até ser dia. Voltar para a cama e não tomar o antibiótico à hora prevista porque teria que fazê-lo em jejum. E, claro, já não o estava. Nada como deixar passar umas horas, dormir mais um pouco, tomar a medicação.

Acordar. Tomar banho. Vestir-me. Almoçar às 11h20 da manhã porque a fisioterapia às 13h30 exige que apanhe o autocarro às 12h30 no centro da vila, o que me obriga a sair de casa às 12h o mais tardar para ir sem pressa. Mas o caminho hoje, e porque foi preciso ir carregar o cartão das viagens, foi feito a correr. Passo acelerado o melhor que me foi possível. O mais rápido que consegui. Mas, todo o caminho, a perceber e a sentir que as minhas pernas não queriam obedecer. Já sei que quando é assim, a questão não está propriamente nas minhas pernas, mas sim naquela parte do meu corpo que gere o equilíbrio. Equilíbrio esse que esteve melhor. Não sei o que se passou entretanto. Não foram tantos dias assim sem o trabalho de fisioterapia. Mas, no caminho para o centro da vila depois das 12h eu já sentia que alguma coisa não estava bem…

Dia de plenário de trabalhadores em véspera de greve à mesma hora que eu precisava do autocarro é sinónimo de autocarro não aparecer. Felizmente a opção Uber foi possível.

Chegar ao centro de Almada antes da hora de início da fisioterapia permite-me sempre beber um café na esplanada com calma. Mas hoje, não entendo porquê, o barulho fez-me muita confusão. O metro. Os autocarros. Os automóveis em geral. A música da esplanada. E a minha vontade era de tapar os ouvidos e tentar desembrulhar o nó que o ruído me estava a provocar…

A fisioterapia hoje teve que ser encurtada. Às 15h15 tinha que estar noutro ponto de Almada para Junta Médica da Segurança Social. Mas houve massagem, electroestimulação, exercício de braços e pernas. Foi pouco tempo, mas não deixou de ser trabalho feito.

Sair dali e as pernas incertas. Inseguras. Uber novamente. Junta Médica. E, desta vez, com alguém que percebeu a seriedade da minha situação. E, mesmo autorizando a baixa médica, me disse claramente que, na minha situação, ao regressar ao trabalho o deverei fazer em regime de teletrabalho. Falar com a empresa, com a medicina de trabalho, mas o regresso tem que ser em teletrabalho. Para já, ficamos a aguardar o fecho do diagnóstico e o início da medicação. Depois sim, irei tratar do regresso com todas as alterações que forem necessárias. Mas não vou pensar nisso já.

O regresso a casa não foi fácil. As pernas. Sempre as pernas. Lentas. Descoordenadas. Incertas. Inseguras. Porquê? Não sei…

Para o jantar, ter que ir à mercearia buscar alguma coisa para comer. E tudo o que me apetecia comer era nada! E tudo o que não me apetecia fazer era sair de casa e caminhar nesta insegurança. Mas fui. E voltei. Não sei como. A vontade, ainda pouco depois de sair de casa, era telefonar à minha mãe para me ir buscar. Porque o desequilíbrio era muito grande. E voltaram os desequilíbrios para a frente. Que não sei explicar, mas que me dobram para a frente e se eu não me apoiar simplesmente caio de cara no chão…

Depois de entrar em casa as dificuldades continuaram. Metade do jantar ficou no prato. O descafeinado não foi tirado por mim. E agora, a esta hora, 23h45 que já queria estar na cama, estou no cadeirão a tentar perceber como é que vou fazer para conseguir ir para a cama sem ter que pedir ajuda…

Há muito tempo que não estava assim… Melhorei com as 30 sessões de fisioterapia no hospital. Mas, agora, pareço ter regredido vários meses…e não entendo porquê.

Amanhã não vou poder ir à fisioterapia por causa da greve dos autocarros. Mas vou tentar ir até ao paredão. Quero muito ir ver o Mar. E, se não estiver a maré cheia, quero ir até à beira mar, sentir as ondas nos meus pés, no máximo nos meus joelhos porque não arrisco mais do que isso. Mas quero sentir novamente as minhas pernas a funcionar. Não como hoje. Que fiquei sem perceber se foi do esforço da corrida à hora do primeiro autocarro ou se foi mais uma progressão da doença cujo nome ainda não consigo pronunciar, não por ter um nome estranho mas por ainda não ter sido aceite por mim…

Amanhã? Logo se vê. Acordar às 7h para tomar a medicação, voltar a dormir sem horas para acordar e obrigar-me a atravessar o parque até ao paredão. Tenho que repôr o equilíbrio e a coordenação das minhas pernas. Porque, como estou, não posso continuar…

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