Daily Archives: 08/06/2024

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Dizem-me, na sequência do post de ontem, que devia começar a minha rede de apoio por amigos que estão perto, para o caso de um dia eu vir a precisar de ajuda e não ter a minha mãe por perto. Faz sentido. Mas o pior é que também não tenho amigos por perto. A que mora mais perto está quase a 10km daqui.

Depois há a amiga da minha mãe que, ou foram as duas às compras ao supermercado, ou está sempre ocupada e não por aqui. Por isso, sim, estou aqui sozinha…

O resto? São muito raros os que querem saber. Fui à urgência na semana passada, apenas UMA pessoa, que nem mora perto, me perguntou o que se passou. E que, durante a semana, me perguntou se já estava melhor. A ela agradeço, claro que sim. Mas falta o resto. Falta o “vamos beber um café, eu vou-te buscar e conversamos um bocadinho”.

Tenho muitas saudades de ter com quem conversar sem ser sobre esta merda que me apanhou. Ter uma simples conversa normal.
Converso muito com a minha mãe, claro que sim, mas acaba sempre por ir dar ao mesmo: o meu estado. Sei que para ela também não está a ser fácil, mas ainda é a única pessoa que ainda me vai dando a mão. E o braço para me apoiar quando caminho. Porque estou outra vez a caminhar com dois apoios: de um lado a bengala (que hoje, pela primeira vez, comecei a usar EM CASA) e do outro lado de braço dado com a minha mãe.

Já estive MUITO melhor. Já ia (e voltava) ao Yoga sozinha. Já não consigo novamente…Dizem-me que o calor faz regredir os sintomas e foi com os dias quentes que estiveram que perdi a independência que tinha ganho ao fim de 30 sessões de fisioterapia.

Eu não quero falar desta merda. Eu quero ir beber um café com alguém. Ou jantar fora. Ou ver o pôr do Sol. O que for! O que eu quero é passar por um momento de normalidade com alguém que faça parte daquilo a que eu um dia chamei “a minha rede”.

Estou zangada. Muito zangada. Acima de tudo comigo mesma! Porque foi a mim que apareceu esta porcaria que eu não procurei. Mas, bolas!, não deixo de ser eu!

Sempre fui muito dada a estar/ficar sozinha. A minha mãe sempre me disse que eu me isolava demais. Mas, neste momento, esse isolamento, esse afastamento, está a ser-me imposto por quem, pelos vistos, NÃO QUER estar presente.

Sim! Sinto-me MUITO sozinha. E não é só por causa da porcaria que me apanhou na curva. Eu só quero ir beber um café. Jantar. Ver o pôr do Sol. O que seja! E ter uma conversa de pessoas normais! Nem que seja só sobre o estado do tempo!

Eu preciso de pessoas. Das minhas pessoas. Daquelas de quem eu gosto e que achava que gostavam de mim. Preciso de interacção com essas pessoas! Porque sim!, fui apanhada na curva por uma merda de uma doença, mas caramba!, eu continuo a ser EU!

Não está fácil. Lidar com a solidão nunca foi fácil. Mas acho que também nunca foi tão difícil…