Sábado, aquele dia aborrecido da semana. Menos de manhã.
O dia começa cedo. Acordar cedo, tomar o pequeno almoço, vestir a roupa mais confortável e desportiva. Tentar ter tempo para beber um café antes de sair. E hoje não consegui. E sair de casa de manhã cedo sem um café é difícil…
Saí já para lá da hora. Mas à hora certa estava a entrar na aula de Yoga.
As aulas de Yoga supostamente têm uma duração prevista de uma hora. Mas, ao sábado, isso raramente acontece. Duas horas? Sim, é o que acontece mais ao sábado. Mas, na verdade, nem se dá pelo tempo passar. Trabalha-se o corpo, acalma-se a mente. E, no final da aula, pede-se indicações de asanas para fazer todos os dias em casa, de manhã e ao final do dia.
Agora só falta disciplinar-me para começar essa rotina. De manhã requer apenas 5 minutos. Ao fim do dia, são 10. É possível fazer. Mas eu conheço-me… Tenho que me contrariar e iniciar esta rotina. Só me vai fazer bem. Não tenho nada a perder.
Outra rotina que tenho que começar é dormir cedo. Não está a acontecer e não me faz bem. Excepto, claro, quando alguém está de serviço à distância de um clique e tem disponibilidade para conversar, fazer companhia, trocar mimos. Aqui, a única coisa que falhou foi a conversa não acontecer olhos nos olhos e os mimos pele com pele. Mas, e já o disse a quem de direito, foi uma noite muito bonita. Quase perfeita, mesmo. Só faltou ser à distância de um abraço.
Mas são estes momentos, bem como todos os outros que temos à distância de um clique, que me completam. Não sei como é que isto aconteceu, sei apenas que deixei um Olá numa rede social para quem o quisesse receber. E alguém recebeu e retribuiu. A partir daí algo aconteceu de ambos os lados. Duas almas que se reconheceram de outras vidas? Eu sei lá. Sei apenas que, desde o primeiro momento, tudo fez sentido, as peças encaixaram e tudo o resto se desenrolou rapidamente. E com uma intensidade sem descrição possível.
O que aconteceu a partir dali, o que continua a acontecer diariamente, de manhã à noite, foi, e é!, uma espécie de magia.
Não é um sonho. Porque os sonhos não são realidade. É mais do que isso. É uma realidade só nossa. Que mais ninguém precisa de entender. Ou até de saber. É um encaixe perfeito de duas peças de Lego num jogo tantas vezes ingrato e injusto chamado Vida. É uma coisa boa que me aconteceu.
É um encontro. Ou será um reencontro? É o que for. É nosso. Só nosso. E é nosso todos os dias. A todas as horas. Para o bom e para o mau. Estamos sempre presentes, prontos e disponíveis um para o outro. Apesar dos 135 km que nos separam. E de tantas outras coisas que a Vida se encarregou de colocar no caminho e que não nos permitem encurtar a distância. 135 km não é nada. Mas o resto…o resto é muito.
A noite de ontem roçou a perfeição. Só faltou a pele com pele, os olhos nos olhos.
Mas não duvido que, um dia, não sei como, não sei quando, não sei onde, o que faltou ontem vai acontecer. E nessa altura vou poder dizer que a perfeição existe. E está ali, na presença de duas pessoas que se encaixam, se reconhecem, se aceitam, se amam.
Sábado, aquele dia aborrecido da semana. Manhã de Yoga. Tarde para recuperar de uma noite pouco dormida. Mas que valeu cada segundo que fui adiando o momento de dormir.
Amanhã? O tempo lá fora não convida a grandes passeios. A conversa vai continuar a acontecer à distância de um clique. E, como aprendi por aí com alguém que tem um lugar especial cá dentro, está tudo bem.
