Daily Archives: 02/12/2016

#day337 out of 365plus1 

A espiral do carrossel comboio fantasma montanha russa que não precisa de moedas assusta-me. 

Hoje lá em cima, numa subida rápida em poucos dias ao topo do Mundo. E o medo da descida porque não se sobe para sempre e o lá em cima tem um limite. 

Vai correr bem. Vai correr tudo bem mesmo com cruzamentos inesperados que se confundem com atropelos e que me levam a tranquilidade, que ainda estava a conquistar passo a passo, para longe. 

Não vou dar parte fraca. 

Não vou desistir de acreditar que é possível manter-me lá em cima durante muito tempo. 

Não vou desistir de acreditar que é possível descer devagar e não tão fundo. 

Não vou desistir de acreditar na Luz e nas cores. 

Não vou desistir de me afastar da Sombra e do cinzento escuro. 

Assusta-me a espiral do carrossel comboio fantasma montanha russa que não precisa de moedas. Mas não posso esquecer-me que é isto que também sou. E o caminho para ser melhor ainda agora começou. Ainda está tão longe do fim. E preciso que me dês a mão nesta viagem de carrossel comboio fantasma montanha russa que não precisa de moedas. 

{sometimes I miss you} 

Às vezes tenho saudades tuas. Mas depois lembro-me que, se fui eu quem precisou de distância que sempre te disse temporária, não fui eu quem fechou a porta quando regressei.

Às vezes tenho saudades tuas. Mas depois lembro-me que o tempo de dar parte fraca já passou. Já acabou ali atrás algures neste tempo que todos os dias passa um dia atrás do outro atrás do um. Lembro-me que prometi a mesma manter a distância que em tempos precisei por mim e que hoje queres por ti.

Nunca percebi o porquê “por ti e por mim”. Talvez nunca venha a perceber além do que interpreto, do que sinto, do que vi e não esqueço por tão intenso, tão real, tão absolutamente inesperado. Talvez nunca venha a perceber porque, sei-o, nunca mo irás explicar. Ou revelar. Assim como tudo o resto que te vejo esconder. Não só de mim, mas especialmente de ti.

Às vezes tenho saudades tuas. De conversar sem pressas, de saber de ti, dos teus, do que está bem e do que não está. De conversar sobre tudo e sobre nada. De quando me falavas de vinho, dos vinhos. Os tintos, os brancos, os verdes que são só uma região.

Às vezes tenho saudades tuas. Mas depois lembro-me que prometi a mim mesma que não voltaria a dar um passo em frente no vazio, no nada. Prometi a mim mesma que não seria eu a dar esse passo. A fazer-me presente. Não quero. Porque quem quer saber pergunta. Porque quem quer saber telefona. E prometi a mim mesma que não serei eu a perguntar, a telefonar, a querer saber por muito que queira.

Às vezes tenho saudades tuas. Mas depois lembro-me que estou zangada contigo. Tão zangada contigo. Dizem que faz parte do processo. E ao longo deste processo ainda não me tinha zangado contigo. E hoje estou zangada contigo. Muito. Tanto. Pela distância que é só tua. Pelo silêncio que é apenas teu. E porque, apesar da distância e do silêncio, que são apenas teus, não permites que corte de vez. Que corte o quê se na verdade não há nada para cortar? O que houve, porque existiu, não chegou a ser. E é isso o que me tem mantido ligada a um nada, tal como o que houve e hoje não existe.

Sim. Às vezes tenho saudades tuas. Mas depois lembro-me que um dia atrás do outro atrás do um é um caminho a percorrer sozinha. Mesmo que tenhas dito o contrário.

Sim. Às vezes tenho. Saudades tuas.

Mais do que as que gostaria de admitir. A mim mas especialmente a ti.

Sim. Às vezes tenho.

Saudades tuas.