“Toxicidade num céu incerto”. Lembrei-me agora desta frase que me leva até uma canção dos GNR. Porque é isso que o meu trabalho me recorda. Cada vez mais tóxico, cada vez mais violento numa espécie de violência passiva, mas nem por isso menos agressiva. E vou fazendo o meu trabalho o melhor que sei, o melhor que posso, o melhor que consigo mesmo que inventem mil e uma ferramentas que, em vez de ajudar, só atrapalham e dificultam o que, na realidade, é simples de fazer.
Já o disse antes, já o repeti também, mas estou cansada. Demasiado cansada. E sei que este cansaço é daquele que só vai desaparecer no dia em que sair dali. Mas não há como…e sair dali para outro lado nos mesmos moldes não quero. Nem posso. Porque, se é para estar mal, fico onde estou. Sair dali só para um sítio melhor. E sei tão bem para onde queria ir… Entreabriram-me uma porta que, até ver, não é para mim. Mas, na verdade, também nunca a fecharam. Mantém-se ali, meio aberta, meio fechada. E sei que tenho tudo o que é necessário para poder atravessar essa porta. Mas só o poderei fazer quando ou se me dizerem para ir. Sei que já passou muito tempo. Quatro meses. Mas não perco a esperança.
…mas não sei até quando é que consigo aguentar o que tenho neste momento…não sei, mesmo. O que sei é que está, de novo, a consumir-me. A desgastar-me. A fazer-me (muito) mal. E eu não o posso permitir.
………amanhã será melhor………só me resta, neste momento, acreditar nisso. E no fim de semana começar a mexer-me. O “não” está sempre garantido. E pior do que estou é difícil. Resta-me acreditar que amanhã será melhor e que, também a isto, vou sobreviver. Dizem-me que sou mais forte do que penso. Mas também é verdade que já verguei uma vez e quase quebrei, nem há tanto tempo assim.
Cansada. E a somatizar o que me consome. E não posso permitir que isto se instale novamente.
Neste momento preciso tanto de perceber se aquela porta se fechou ou se é para eu atravessar. E, seja qual for a resposta, consigo orientar os próximos passos. Também preciso disso. Mas por hoje preciso de desligar a cabeça. E descansar o corpo. Amanhã é dia de voltar àquele lugar profundamente tóxico. E dar, mais uma vez, o meu melhor…