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Disto de estar sempre (muito) cansada e da falta de equilíbrio. Fazer coisas simples e básicas que, por norma, damos por garantidas e fazemos de forma automática sem pensar muito no assunto: tomar banho.

Um simples banho. Duche. Prática diária que, em circunstâncias ditas normais, nem sequer pensamos como é que vai correr…
Neste momento, e por causa da falta de equilíbrio, tomar um simples banho é uma aventura. Começa logo pelo acesso à banheira em que tenho sempre que me apoiar para conseguir passar lá para dentro devagar, devagarinho. Depois, temos o duche simples e o duche em que é dia de lavar o cabelo. O duche simples tem sido tranquilo, desde que encostada à parede, claro. Já o duche em dia de lavar o cabelo, como hoje, exige outros cuidados. Como, por exemplo, ter que levar um banco para me sentar porque, diz-me a experiência, o momento de levantar os braços para esfregar o champô é perfeito para perder o equilíbrio e não há encostar à parede que me safe. O que eu sei é que não me apetece nada estatelar-me na banheira enquanto tomo banho. Por isso, banco na banheira, tomar banho sentada, essas coisas que são o meu novo normal.

Seria de esperar que tomar banho sentada não fosse cansativo. Porque, afinal, estou sentada. Certo?
Errado! Ninguém imagina o quão cansativo um banho, um simples duche!, pode ser. E, neste meu novo normal, leva-me quase à exaustão… Nunca pensei que fosse possível ficar tão cansada com um simples duche, mas desde que tomei banho que estou de rastos…

Tenho agora 15 minutos para estar no sofá e tentar recuperar um pouco para, daqui a pouco, estar a caminho do Yoga. E a verdade é que a aula ainda não começou e eu já estou cansada…muito cansada. Por causa de ter tomado um simples banho sentada num banco na banheira…

Bem-vindos ao meu novo normal. Do qual já estou farta e estou longe de aceitar e de me habituar…

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E, cansada e com as dores nas pernas que não me largam, fui ao Yoga. E se há coisa da qual dificilmente, mas mesmo muito dificilmente, vou desistir é do Yoga. As aulas estão cada vez mais interessantes, diferentes, dinâmicas e num nível já muito diferente de quando comecei com o Professor Pedro em Maio do ano passado. Além disso, o Professor Pedro está informado desde o primeiro dia em que foi levantada uma suspeita sobre o que se passava comigo passando pelo internamento, confirmação do diagnóstico e daquele dia para o qual já só faltam 11 dias, o dia da medicação. Tem acompanhado também a progressão das minhas dificuldades e, sempre que é possível, adapta os asanas especialmente para mim para que eu consiga fazer o trabalho dentro do que me é possível.

Mas hoje, e já não pela primeira vez, me disse que estou muito melhor. Nos asanas, talvez. Na progressão das dificuldades e limitações no equilíbrio e na marcha não sinto o mesmo. Mas sei que ali trabalho muito o equilíbrio. E sempre que consigo fazer algum asana em que me desequilibrava sempre, muitas vezes chegando a cair, fico muito feliz e contente comigo mesma. É a prova de que não desistir é o caminho certo.

Perguntou-me quando me dava o braço para descermos as escadas: “já pensaste o que seria se tivesses desisto das aulas?” Sem hesitar, respondi-lhe: “provavelmente a esta altura já não conseguia andar”. Não sei se realmente seria assim, mas sei que sem as aulas não estaria a trabalhar o equilíbrio, não estaria a reforçar os músculos das pernas, braços, abdominais. E, parecendo que não, tudo isso acabaria por influenciar negativamente o meu estado geral. Que, para ser sincera, já não é o melhor.

Ir ao Yoga obriga-me a sair de casa, a estar com outras pessoas de quem gosto, a trabalhar o equilíbrio físico e mental, faz-me parar para respirar. O Yoga é tudo o que eu precisava há muito tempo. Comecei em 2016 mas infelizmente, apesar de um início bastante assíduo, acabei por desistir por incompatibilidade de horários a partir do momento que comecei a trabalhar. Entretanto o centro onde comecei em 2016 fechou e encontrar o Professor Pedro foi o puro acaso. Sabia da existência do Spa, mas não sabia que tinham Yoga. Fui lá, pedi informações, inscrevi-me e reiniciei a prática vários anos depois. Mas parecia que tinha parado apenas no dia anterior.

O Professor Pedro diz que “o corpo tem memória”. E desde a primeira aula com ele percebi que sim. E essa memória vai até bem lá atrás no tempo, aos tempos da ginástica, da dança, do teatro e o workshop de expressão corporal onde fazíamos asanas sem saber que estávamos a fazer Yoga. E é essa memória do corpo que me tem ajudado também a lidar com este meu “novo normal“.

Não, não vou desistir. De fazer as adaptações necessárias para conseguir continuar a fazer aquilo que todos damos por garantido, como tomar um simples banho ou simplesmente caminhar a direito. Assim como também não vou desistir do Yoga que me trabalha o equilíbrio, o corpo e a mente. Porque desistir de tudo isto seria desistir de mim mesma. E isso eu recuso fazer. Desistir de mim não é opção.

Depois da aula de Yoga de hoje cheguei a casa super tranquila, relaxada, sem dores nas pernas. Aquilo a que chamei de “estado Zen”. Claro que agora, aquela hora tardia que eu insisto em alcançar antes de ir, finalmente, dormir, aquela hora em que a noite já roça a madrugada, está mais do que na hora de ir descansar. Dormir. Sem hora para acordar. Simplesmente deixar-me levar pelo estado pós Yoga e descansar, tanto o corpo como a mente.

O dia já vai longo e, tirando o Yoga, não fiz absolutamente mais nada, excepto ficar exausta com um simples banho. Por isso, e porque o sono que já aperta assim o exige, dou o dia por terminado por hoje. Amanhã? Será sem horário de acordar, será sem ter sítio onde ir, será sem ter coisas para fazer. Será um dia para aproveitar sem pressa, sem pressão, para descansar e recuperar, fortalecer-me para daqui a 11 dias.

Por isso, amanhã será outro dia. E depois logo se vê como será.

Até amanhã.

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