Daily Archives: 05/01/2025

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Domingo, aquele dia que, não sendo o mais aborrecido da semana (mas que, nesse ponto, compete directamente com o Sábado), vai passar a ser chamado de Dia Semanal da Diplopia Ao Rubro! E o que é a Diplopia? É aquele nome catita que a ciência deu à Visão Dupla! Que, por algum motivo que eu simplesmente desconheço e que ainda não pedi explicações, é ao Domingo que se faz sentir mais presente…Posso até ter episódios de Diplopia durante a semana, às vezes a semana toda, mas ao Domingo está mesmo ao rubro! E é horrível. Quase desesperante. Porque se, nos outros dias, quando vejo a dobrar já é difícil ler e/ou escrever, ao Domingo ler é impossível e escrever (no telemóvel) requer um enorme esforço. A menos, claro, que o faça só com um olho aberto. Aí vejo normalmente, sem dificuldade nenhuma. Mas andar na rua ou até mesmo em casa com um olho fechado não é muito confortável. Além de que pareço um bocadinho totó.

Na verdade, no Natal até sugeri que me oferecessem uma pala para colocar no olho, que nem o Luiz Vaz, mas ninguém me ligou nenhuma. Por isso, estou seriamente a considerar procurar um molde e/ou tutorial online para coser a(s) minha(s) própria(s) pala(s). Sim, isto ao Domingo É assim tão mau…

Mas, claro, tinha que vir à rua, beber um café (que até foram dois…), apanhar ar e ainda um bocadinho de luz do dia. Que apanhei! Já estou é na esplanada há praticamente duas horas. E a fazer o quê? O habitual: nada!

Vou agora voltar para casa e tentar não me perder pelo caminho, porque isto de ver o caminho a dobrar pode levar a erros. E se, à visão dupla, adicionarmos o meu estonteante andar desequilibrado, não se espantem se, um dia, eu vos disser que a GNR me mandou parar para fazer o teste do balão…

Mas, agora, chamemos as coisas pelo nome, tal como elas são (porque não há como fugir da realidade): Esclerose Múltipla Primária Progressiva. É muito, mas mesmo MUITO raro escrever assim, de forma tão directa (e quase crua) sobre aquilo a que, habitualmente, me refiro como “isto que me apanhou na curva“. Vamos repetir? Vamos lá! Esclerose Múltipla Primária Progressiva.
Tem um nome todo pomposo, que eu dei por mim a recusar escrever e com grande dificuldade em pronunciar, não por ser de dicção difícil mas porque é uma realidade que, há que assumi-lo mesmo que me custe horrores!, é a minha realidade. É o que chamo de “o meu novo normal” que, a bem da verdade, de normal tem muito pouco.

E, para além de já ter falado da Diplopia (ou Visão Dupla) e do desequilíbrio que me compromete (e muito!) a marcha obrigando-me a caminhar com uma bengala, agora vou falar de uma coisa tão simples como tomar banho! Bem…simples para vocês, não para mim!

Ainda não me dedico à dança do varão mas, de há uns meses para cá, tenho-me dedicado à barra! A barra de apoio para a aventura que é entrar e sair do banho em segurança e sem precisar da ajuda de terceiros. Que é a minha mãe, claro, e já passámos pela fase em que para entrar e/ou sair da banheira se ouvia sempre “oh mããããããeee!“.

Estou a ficar uma crescida com tudo isto. Até já me dedico à dança da barra! Qualquer dia dedico-me à dança do varão que, dizem, é capaz de ser mais lucrativo.

E agora vamos lá repetir mais uma vez, agora todos juntos: Esclerose Múltipla Primária Progressiva. Não é por vocês que faço questão de repetir, mas sim por mim! A ver se me convenço, de uma vez por todas!, a chamar esta coisa pelo nome e a aceitar que, agora que se apegou a mim, veio para ficar. Deve ser amor, só que não é correspondido, lamento!

E, no dia em que eu deixar de brincar com isto, que É um assunto sério, podem ter a certeza de que EU estou mental e psicologicamente pior do que já estou. E já não tenho o suporte do terapeuta fofinho que, comigo e com o meu aval, também brincava com coisas sérias. No lugar dele tenho um psicólogo que não me ouve e ainda me chama de manipuladora, mas isso são outros 500 que ficam para mais tarde.