Subir e descer escadas. Faz parte do trabalho na fisioterapia. Que, na realidade, é REaprender a subir e descer escadas em segurança. Porque a subir dou demasiados pontapés na parede do degrau. Porque a descer fico muitas vezes com o calcanhar demasiado encostado à parede do degrau. E, a descer, já muitas vezes quase caí porque o movimento da perna e do pé fica ali preso sem grandes hipóteses de movimentação. Por isso, há que REaprender o tamanho certo da passada para subir e descer. Sim, porque a descer muitas vezes dou um passo maior do que devia ficando só com o calcanhar apoiado no degrau e uma estabilidade muito perto de zero. E, claro, seja a subir ou seja a descer, nada disto pode acontecer.
Mas, na realidade, e nesta escada em particular!, o meu grande problema para dar início à descida é aquela diferença visual do chão…que eu não consigo perceber se quando o padrão do chão muda ainda faz parte do pátio ou já é o degrau de baixo. Todos os dias subo e desço esta escada na fisioterapia. Várias vezes. Todos os dias e todas as vezes que vou descer páro, hesito e tenho que me aproximar devagar da beira para perceber que, apesar das diferenças, continua a ser pátio. E é uma sensação horrível…
Já tinha dado por esta dificuldade anteriormente, em vários locais que não necessariamente escadas. Entrar num café que à porta tem, no chão, uma tira de pedra branca logo seguida de chão preto, tudo ao mesmo nível, já me fez alçar a perna sobre a pedra branca porque o meu cérebro me dizia que ali havia uma alteração de nível. Que, na realidade, não existia.
O fisioterapeuta já me explicou que tem que ver com a questão de análise de profundidade. E hoje recomendou: fale com o neurologista rapidamente sobre esta questão. E amanhã lá vou eu enviar email para o neurologista, desta vez com a lista crescente de sinais e sintomas novos. Que eu não sei como lidar com eles. Como, na verdade, não sei lidar com nada disto…
Bem…aqui já sei que é um degrau de cada vez. Mas aquele primeiro da descida…não há vez nenhuma que não me confunda e não me faça sentir insegura.
E também é isto o meu novo normal. Que, já o tenho dito, de normal tem muito pouco, a roçar o nada.
