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Não era a esta esplanada que eu queria ir, a chamada e conhecida esplanada do costume. Queria, precisava!, a outra das mesas infinitas vazia aos dias de semana ou nos fins de semana cinzentos de Inverno. Porque a esplanada do costume tem sempre barulho, mais do que aquele que consigo suportar, vozes demasiado altas, demasiadas vozes. E, apesar de me sentar sempre na mesa mais afastada de tudo, ali no cantinho, sinto-me demasiado presa com falta de espaço. Na esplanada das mesas infinitas vazia aos dias de semana sinto a liberdade do espaço imenso coberto pelas árvores que ali habitam e o sossego da ausência de vozes alteradas em conversas cruzadas num volume de som desnecessário que me incomoda, que me perturba.

Não era a esta esplanada que eu queria vir hoje, mas a chuva e o vento demasiado forte e que me deixa mais instável e insegura a isso obrigaram.

Não consegui, naquela falta de espaço demasiado ruidosa passar para o papel o que ando há dias a tentar sem sucesso.

Ainda levantei uma encomenda na papelaria, bebi o café (duplo) e voltei para casa. Ainda a sentir-me muito relaxada depois da meditação de ontem e com demasiado sono, não resisti ao sofá e às mantas. E dormi. Rapidamente adormeci. E só muito mais tarde acordei…

A esta hora em que a noite já passou a madrugada a caixa da encomenda continua por abrir. E a vontade de amanhã ir à esplanada das mesas infinitas mantém-se, sem horário definido para ir e sem pressa para voltar.

Eu preciso de espaço aberto. E preciso de sossego e uma mesa de apoio para tudo o que tenho para passar para o papel. E ali, abrigada pelas árvores que ali habitam, estou no sítio certo.

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