Daily Archives: 12/05/2025

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Já sabia que isto que me apanhou na curva era uma caixinha de surpresas, nenhuma delas simpática. Sabia também que todos os dias eram diferentes do anterior. Também sabia que, apesar da medicação, não é de esperar que haja melhoras. Porque uma doença que não tem cura e que é progressiva só terá melhoras com a ajuda de um milagre. E eu não acredito em milagres, claro.

Sei de tudo isso. Ia dizer que já assumi que não irei melhorar e que a tendência, com o tempo, será de agravamento do que já está mau. Ou até do que ainda nem se manifestou. Mas não é verdade. Ainda não assumi nada disso porque assumir seria aceitar o diagnóstico. E eu ainda não aceitei. Eu ainda não aceito…

Estava preparada para que, com o tempo!, começasse a haver novos sinais, novos sintomas. Mas seria sempre com o tempo! Não agora! Assim de repente! E, mais uma vez completamente por acaso, começar a perceber que (mais) alguma coisa não está como devia…ser, novamente, apanhada de surpresa e perceber a falta de sensibilidade onde era suposto haver, juntando à dificuldade sentida na sexta feira a fazer algo que supostamente não devia ser difícil…não! Não estou preparada para isto agora. Era suposto ser com o tempo! Não agora!

Tenho, obviamente, a cabeça a mil com isto. Amanhã converso com o Fisioterapeuta para, pelo menos, tirar teimas. Já que a consulta com o neurologista foi desmarcada, neste momento só posso mesmo recorrer ao Fisioterapeuta. Que, já sei, me vai dizer o que me diz sempre: tenho que falar com o neurologista.

E tenho, claro que sim. E desde Outubro que espero pelo dia 16 de Junho, dia em que teria, finalmente!, consulta com o neurologista e que, entretanto, foi desmarcada. Para quando é que vai ser remarcada? Não faço ideia. O meu médico vai deixar o Hospital, como tantos outros antes dele? No secretariado disseram que não, que se vai manter. Mas e se no secretariado não souberem de tudo? Não seria impossível não saberem. Mas dizem-me que não, que ele vai continuar. E eu só tenho que confiar, acreditar e esperar por remarcação da consulta. De preferência para o mais cedo possível. Porque não posso continuar ao sabor do vento…

Preciso, muito!, de falar com o neurologista. Ter a consulta que estava prevista para lhe apresentar a minha lista de sinais que não sei interpretar, que poderão ou não ser sinais, sintomas ou danos já instalados. Sei que a lista já está bem composta. As dúvidas são muitas. As perguntas também. E eu sinto-me completamente às escuras a navegar num mar agitado, revolto!, que desconheço. Às escuras e sozinha… Sei que, neste momento, posso colocar questões a uma ou outra pessoa na mesma situação que eu, mas não tenho á-vontade para isso. São pessoas que não conheço, com quem me cruzei por acaso nas redes. Mas são pessoas que navegam neste mar há muitos anos. Conhecem isto muito bem…

Já não sei… Não sei o que sentir, não sei o que pensar, não sei o que fazer. Sei, sim, que volto mais uma vez ao ponto de querer chorar e não conseguir…e esse bloqueio não me faz bem nenhum.

Mas só por hoje, e há muito tempo que não pegava nesta máxima!, só por hoje não vou pensar mais em nada disto. Não quero! Não posso! Amanhã logo se vê! Por hoje não quero mais…

E, sim!, navego este mar revolto às escuras. E sozinha…e não quero.