Daily Archives: 04/05/2025

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4 de Maio de 2025. Dia da Mãe. Aquele dia que há 10 anos digo que não é meu. Ou dizia. Porque hoje, dez anos depois do primeiro Dia da Mãe sem o meu filho comigo, já aceito, em paz, que este dia seja também meu.

O Dia da Mãe em 2015 foi muito difícil. Dia de feira no Jardim da Estrela, como hoje!, onde este dia estava a ser devidamente celebrado. E onde ouvi aquelas frases que me doeram como facadas e que ainda hoje habitam a minha memória: “tu NÃO ÉS MÃE, não sabes!” e “SE UM DIA FORES MÃE, vais saber!”
Frases que doeram tanto que 10 anos depois ainda as oiço e ainda me doem! Muito!

Porque, e agora já aceito dizê-lo!, eu também SOU MÃE! Não tenho o meu filho fisicamente comigo. Mas conheço-lhe o sorriso, o som do riso, o calor do abraço.

Sou a Mãe que me foi permitido ser. E demorei 10 anos a aceitá-lo, a conseguir dizer que não tenho o meu filho fisicamente comigo, mas todos os dias o trago em mim.

Tenho que agradecer ao Feiticeiro Azul que há 9 anos insistiu que eu era Mãe. Sempre lhe disse que não. Ele chamava-me muitas vezes 4M: Menina, Miúda, Mãe, Mulher. E eu nunca soube aceitar que tinha razão.

O tempo passou. E há 2 anos veio ele. Com quem partilhei tudo o que diz respeito aos 42 dias da minha gravidez. Tudo quanto à ausência do meu filho. Tudo o que nunca contei a ninguém. E hoje…hoje ele enviou um reel a desejar-me um Feliz Dia da Mãe. E, pela primeira vez, não doeu. Não magoou. Não me fez querer chorar. Não. Fez-me sorrir!

Pela primeira vez aceito, em paz, que o Dia da Mãe também é MEU! Mãe de colo vazio. E somos tantas! Mãe de um filho sem rosto mas de quem conheço o sorriso de cor. Mãe. Apenas isso. E que é tanto! Mesmo que não possa tocar, cheirar, abraçar o meu filho, não deixo de ser MÃE!

E se agradeci pelos 4M a quem tinha que agradecer, sem dúvida que também tenho que lhe agradecer a ele! A quem contei tudo o que havia para contar. A ele que há 2 anos se mantém ao meu lado de mão dada comigo e que hoje me lembrou, e bem!, que eu sou tantas e também sou Mãe! Obrigada, meu amor! O tempo ajudou, claro que sim, mas ter partilhado contigo tudo sobre o meu filho e perceber que não te esqueceste deste meu papel…só posso dizer: obrigada!