Daily Archives: 20/05/2025

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Cara de segunda feira. Assim me viu o Zé, o Fisioterapeuta, logo às 9h30 da manhã. Só me viu os olhos por causa da máscara, mas foi o suficiente para perceber o que eu escondia. A verdade é que, de há uns dias, semanas?, meses?, para cá, uma simples frase resume bem o que sinto: estou farta. De tudo. E, apesar de saber que o caminho faz-se caminhando um passo de cada vez, sem pressa, devagar, devagarinho, há dias, momentos?, em que o desânimo aliado ao cansaço fazem-me querer desistir… São momentos mais frágeis onde a vulnerabilidade se mostra, se expõe e quase perde a esperança e a força para continuar.

São momentos. Que podem durar dias, é verdade. Mas são apenas momentos. De fragilidade. De vulnerabilidade. De desânimo. De cansaço. Físico, psicológico, mental. É, também, perder o Norte. Mas até essa perda é um momento. Que vem. Que chega quase de mansinho. Tantas vezes sem aviso prévio. Mas não deixa de ser apenas um momento. Que não permito, que não posso permitir!, que se instale de forma permanente. Sim, estou farta, dificilmente deixarei de o estar, dificilmente direi, sobre tudo isto, que quero mais. Não quero. Na verdade, nunca quis nada disto. Um isto tão cheio de tanta coisa que nem eu sei exactamente o que é. Sei apenas que é muito.

Sei, também, que por muito que este isto seja um muito que é tanto, não será isso que me irá derrubar. Os momentos de desânimo são válidos. São legítimos. São, também, necessários. É durante esse desânimo, quase desalento, que percebo que estou cansada. Que preciso parar um bocadinho. O tempo suficiente para descansar. Dormir. Recuperar, corpo e alma. E voltar. Voltar a erguer os olhos do chão, cabeça erguida, peito aberto. E, novamente, seguir passo a passo em frente. Voltar para trás não é possível. Quem estava lá atrás, a outra Eu anterior, já não existe. Não pode existir. Não tem como. Por isso aprendo aos poucos a conhecer esta nova Eu, ainda que não a reconheça.

Estas duas, que sou eu!, não são muito diferentes. Cruzam-se no caminho e a minha Eu anterior deixa há minha nova Eu o tanto que a acompanha desde sempre e que a fez ser quem e como é. Ou era. Ou…já não sei. Mas é todo esse tanto que une estas duas que sou Eu: a anterior que já não existe, mas resiste!, a nova que reaprende coisas pequenas que são gigantes. Enormes. Imensas. Como caminhar, simplesmente. Há tanto tempo dado como garantido e que, afinal, não o é…

Cara de segunda feira. Era, para mim, muito pior que isso…não sei exactamente o que era, mas era pesado. Dorido. Mau… Cansaço, no fundo. Em vários níveis. Em diferentes áreas. Mas, acima de tudo, cansaço.