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Nunca irás caminhar sozinha. Já mo têm dito. Hoje caminhamos apenas as três: eu, a Primavera, e a minha bengala. Por hoje chega.

Em casa o dia todo, precisei agora, depois das 19h, de vir a esplanada do costume. Beber um café, dizer olá à Primavera, dar uso às pernas e trabalho à bengala.

Porque é que eu falo tanto disto que me apanhou na curva? Porque ainda não encaixei. Porque ainda não tenho o diagnóstico fechado. Porque estou sem apoio psicoterapêutico. Porque não posso carregar tudo isto sozinha. Porque preciso exorcizar o que me incomoda muito. Porque quero normalizar o meu novo eu. Porque não deixo de ser eu. Igual ao que sempre fui. A única diferença? É a dificuldade na marcha. E as dores que não me largam.

Hoje, na esplanada do costume, somos só nós as 3: eu, a Primavera e a minha bengala.
Quem se quiser juntar, não necessariamente na esplanada, pode fazê-lo. Por mensagem, por exemplo. Ou por telefone, mesmo sem ter o meu número de telemóvel. Tanto o Instagram como o Messenger permitem ligações de voz. Quem não quiser, está bem. Porque, na verdade, nunca irei caminhar sozinha. A minha bengala não vai a lado nenhum sem mim…

“Walk on, walk on
With hope in your heart
And you’ll never walk alone
You’ll never walk alone”

(You’ll Never Walk Alone
Canção de Gerry & The Pacemakers
)

São 21h. E eu ainda estou na esplanada do costume. Não, não estou a assistir ao jogo do Benfica. Futebol não é comigo. Mas então…ainda estou na esplanada do costume porquê…?

…porque só me apetece chorar…e já sei que não consigo. Nem aqui, ao telefone como já estive, nem em casa, onde a resposta é sempre o silêncio…

E não, chorar não tem mal nenhum. Não resolve nada, eu sei. Mas alivia a pressão que tenho em cima de mim. Dentro de mim…

Frustração. É frustração. Muita… É isso que me impede de progredir e, simultaneamente, que me impede de chorar. Custa-me não conseguir fazer o que antes dava por garantido. Custa-me aceitar que nada disto volta a estar bom. Custa-me aceitar tudo isto. Talvez consiga quando houver um diagnóstico fechado e um tratamento possível delineado. Frustração. É frustração!

frustração

(frus·tra·ção)

nome feminino

1. Acto ou efeito de frustrar.

2. Sentimento de insatisfação ou de contrariedade, geralmente causado pela não concretização de um desejo, de uma expectativa, de uma necessidade ou de um objectivo. = DECEPÇÃO, DESALENTO, DESAPONTAMENTO, IRRITAÇÃO, MALOGRO ≠ EXULTAÇÃO, REGOZIJO, SATISFAÇÃO

3. [Psicanálise] Condição emocional alterada de quem vê contrariada a satisfação de um desejo pulsional, de uma actividade satisfatória.

“frustração”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2024, https://dicionario.priberam.org/frustra%C3%A7%C3%A3o.

Sim, preciso de ajuda. Porque já não sei como lidar com tudo isto sozinha…e essa ajuda tem que me chegar rapidamente. Porque eu não aguento muito mais ao sabor do vento…

“As frustrações pessoais são aquelas em que o obstáculo reside no próprio indivíduo.”

(Autor desconhecido)

E é assim que resumo os últimos meses…longos meses…Sem data prevista para nada. E eu não aguento muito mais lidar com isto tudo sozinha. Estou a repetir-me, eu sei. Mas não aguento mesmo. Não sozinha…

{comentários}

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