Saí de casa às 8h30, regressei (finalmente) a casa pelas 19h10, mais minuto, menos minuto. Cansada, MUITO cansada. Com dores nas pernas e enorme dificuldade em conseguir andar.
Claro que, às 20h30 estava na rua outra vez. Para quê? Para beber um café porque acabou o café em casa.
Comentei com ele: “Ainda não percebi se sou só teimosa ou profundamente burra por insistir em sair de casa assim tão cansada quando o meu corpo me diz para parar”…Ao que ele me responde “És tu a resistir.” Disse-lhe que era antes eu a negar a situação. Mais uma vez. E ele diz-me “não cedas!”.
Eu sei que não posso ceder. Ceder significa parar de vez. E isso NÃO pode, NEM VAI acontecer. Porque eu posso desistir de muita coisa, mas não posso desistir de mim. Nunca.
Mas também tenho que ouvir o meu corpo. Que, quando cheguei a casa, me gritava para parar e estar quieta. Não quis ouvi-lo e muito menos obedecer-lhe. E sei que vou pagar por isso.
Às 21h45 mantinha-me na esplanada do costume. A descansar um pouco. A tentar abstrair-me das dores. A ganhar coragem para caminhar os 150 metros dali até casa. O café estava mais do que bebido e o jantar esperava por mim em casa.
Sei que não posso ceder, que tenho que resistir, que o caminho mais fácil é desistir e eu não gosto de caminhos fáceis. Mas tenho que aprender a dar um passo de cada vez. A não dar um passo maior do que as pernas. Pernas essas que, nos últimos dias, teimam em ter vontade própria: desloca-se cada uma para seu lado. Claro que caminhar assim é muito difícil. Mesmo com o apoio da bengala.
Sei também que tenho que evitar o Sol e o calor. Saio de casa todos os dias de chapéu ou boné, sempre evitam a exposição da cabeça ao Sol. Mas o calor…fica difícil de evitar, especialmente quando em trânsito de um sítio para o outro. E, claro, os efeitos do calor em excesso já se fazem sentir. Depois de 30 sessões de fisioterapia no hospital em que já conseguia caminhar equilibrada, agora regredi. Muito!
Enfim…tenho que deixar de ser burra! Resistir e não ceder, sim! Mas ouvir o meu corpo e obedecer-lhe em primeiro lugar…
Entretanto, já em casa. São 22h50. Ainda não jantei. Mais uma vez, não tenho fome. Nos últimos tempos metade da comida fica no prato. Principalmente ao jantar, mas também acontece ao almoço. Falta de apetite faz parte? Não sei. Não faço ideia. Mas é assim que ando…
Estou cansada, quero ir para a cama, queria deitar-me cedo. Claro que o deitar-me cedo já não vai acontecer hoje…como sempre! Até isto vai ter que mudar. Não sei como. Mas vou ter que voltar a habituar-me a ir para a cama cedo.
Amanhã, despertador a tocar às 7h para a medicação preventiva. Tentar voltar a dormir mais um pouco. O despertador vai tocar novamente às 8h para o pequeno almoço. Às 9h quero sair de casa para beber um café com calma e tempo para, às 9h25, arrancar para o Yoga. Quando regressar do Yoga, já sei que vou passar novamente pela esplanada. É aquilo a que chamo o meu momento. De mim para mim. Só comigo. Mesmo que a esplanada esteja apinhada de gente, sou eu comigo mesma. A tentar não pensar em nada.
Depois, já sei, é voltar para casa, almoçar e não ter café…ainda não decidi se volto à esplanada para o café ou se aterro logo no sofá. E não duvido que, ao aterrar no sofá, será para apagar. De preferência a tarde toda. Vai estar calor e eu tenho que me proteger dele. Não me apetece ver nem falar com praticamente ninguém. Não quero ter tempo livre nas mãos para pensar. Porque, já sei, será pensar em coisas que não interessam e ficar a sentir-me pior com isso.
Porque continuo zangada. Com mais ninguém do que eu própria. E, se calhar, sem razão para isso. Ou, por outro lado, com toda a razão do Mundo. Não sei. Nem quero saber. Porque não quero pensar. Toda a gente me diz que penso demais. E eu, overthinker assumida, só posso concordar. Mesmo que, em algumas situações, quem o diz não tem qualquer razão para o dizer.
Ao segundo sinal serão 23 horas e 5 minutos. Continuo no mesmo sítio: sentada no cadeirão, sem fome nem vontade de comer. Mas, admito, muito cansada. E amanhã é preciso acordar cedo. E eu preciso de descansar. Pelo menos o corpo. E a cabeça também, vá. Porque ninguém imagina a confusão que vai aqui dentro. Já nem me refiro ao Tico e o Teco, porque o Tico entregou os pontos e foi-se embora, resta-me apenas o Teco… Tudo me faz confusão na cabeça. O excesso de luz. O mínimo de ruído. O falarem comigo normalmente. Não aguento a confusão…
Dizem que também faz parte. Não sei. Talvez. Mas o que eu sei, sem dúvida, é que preciso de falar disto tudo com alguém que me oiça. Mas falar de viva voz, de forma presente, de olhos nos olhos. Preciso tanto disso… E não tenho com quem o fazer…
É nestas alturas que me sinto profundamente sozinha. Sei que, na verdade, não estou, tenho amigos que se preocupam, mas não tenho ninguém aqui.
Não interessa, isto vai passar. Vai melhorar. Não sei como nem quando. Mas vai ter que acontecer. Porque eu não posso continuar assim…