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Ainda não trato a doença por Tu. Mas ela já me trata a mim a cada nova dificuldade.
Ainda não conheço a doença por dentro e por fora. Mas ela já me conhece a mim oferecendo-me todos os dias um novo desafio.

Mas hoje é o dia dela. Dia Mundial da Esclerose Múltipla. E porque não ser também hoje que começo a tratar pelo nome aquilo que me apanhou na curva?

Não, ainda não a aceitei. Vivo com ela e com as dificuldades e limitações que todos os dias me traz, mas ainda me recuso a aceitar que tenho, de facto, esta doença. Esclerose Múltipla. E, tudo indica, Primária Progressiva. Neurodegenerativa que todos os dias progride mais um bocadinho. Seja nas lesões cerebrais e/ou na espinal medula, seja no agravamento dos sintomas que já apresento.

Caminhar com uma bengala? A responsável é a Esclerose Múltipla.

Fadiga sem ter feito qualquer esforço, como hoje por exemplo? A responsável é a Esclerose Múltipla.

Dificuldades cognitivas? A responsável é a Esclerose Múltipla.

Visão Dupla? A responsável é a Esclerose Múltipla.

Não a procurei. Não fiz nada para que ela me atingisse. Mas ela encontrou-me.
Há quanto tempo? Não sei. Mas, ao olhar para trás, recordo episódios daquilo que podem ter sido os primeiros sinais. Que eu, claro, desvalorizei e atribuí, se calhar erradamente, a outras causas.

Dizem-me que com isto irá nascer uma nova Eu. Eu digo que não, eu serei sempre EU. Com ou sem Esclerose Múltipla. Porque, e insisto nisto, eu TENHO uma doença, mas eu NÃO SOU a doença.

E agora fica aberta a porta para quem quiser entrar mas, especialmente, para quem quiser sair. Eu serei sempre EU, mas ninguém é obrigado a ficar.

Obrigada por me lerem. Hoje tinha que mandar isto cá para fora.

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