Tinha prometido a mim mesma que, nos próximos dias, me iria manter na minha bolha de auto-isolamento, longe de tudo e todos e sem sequer ir à rua. Mas hoje era dia de renovação da baixa médica. E, desta vez, com a nova médica de família uma vez que a anterior se reformou a 1 de Setembro. A minha mãe tinha-se proposto a ir ao Centro de Saúde por mim. Mas a mim fazia-me mais sentido ser eu a lá ir. Se fosse com a médica anterior, iria a minha mãe, sem problema. Mas esta nova tinha que me conhecer, avaliar de perto o meu estado, tudo isso. Máscara FFP2 na cara, álcool gel na mala e lá ganhei coragem para me expor ao Mundo lá fora.
Gostei muito da médica. Simpática, bem disposta, informada e acessível. Renovou a baixa sem eu ter que o pedir e disse-me para não me preocupar com as eventuais Juntas Médicas da Segurança Social. Ela própria irá fazer um extenso e completo relatório que justifique a minha continuada ausência no trabalho. E, já percebi, por ela não vou voltar ao trabalho tão cedo. “Não tenha pressa”, disse-me ela várias vezes. “E não se preocupe!”.
Sim, eu sei que o mais importante é tratar de mim, tomar conta de mim, ainda mais agora com os efeitos da medicação que me baixam muito a imunidade.
A consulta foi tranquila, animada, como se nos conhecessemos desde sempre. Voltarei à consulta perto do final de Outubro para mais uma renovação de baixa. Já percebi que tão cedo não será de outra forma.
Voltar para casa, almoçar e apagar no sofá. Foram 3 horas, quase 4, de um sono muito pesado como há muito tempo não tinha. Mas o acordar foi muito estranho. Para mim era de manhã, logo de seguida ainda não tinha almoçado mas não ia almoçar às 18h. O que acontece é que não era de manhã e eu tinha, de facto, almoçado à hora certa. Perdi-me da realidade por um momento. E foi muito estranho voltar a encaixar no momento presente.
Não sei por onde terei andado enquanto dormi que me levou para tão longe da realidade. Sei, sim, que o regresso foi lento e demorado, para não dizer também que foi assustador…
Sei que um dos efeitos secundários da medicação que fiz na segunda feira é o sono. Que tanta gente apontou que acontecia no próprio dia da toma ou no dia seguinte. A verdade é que comigo o sono não aconteceu nesses dias. Antes pelo contrário. Um bocadinho acelerada e a não dormir tudo o que gostaria. Mas hoje… Hoje sucumbi ao sofá. E não tarda muito e volto a sucumbir, mas agora na cama. Para dormir tudo o que tenho para dormir até amanhã à hora que for.
Estou cansada. Não sei exactamente do quê. Acho que ainda é do sono. Se calhar não estou cansada mas sim ensonada. Por isso, o melhor é aproveitar e ir mesmo descansar. Não me posso esquecer que o meu corpo ainda está a recuperar da bomba medicamentosa de segunda feira…
Amanhã? É aproveitar o tempo chuvoso lá fora e manter-me quentinha e confortável cá dentro. O resto? Logo se vê. Não tenho pressa para ver agora.