Tenho alguma dificuldade em deixar de pensar naquilo que, de uma forma ou outra, me incomodou ao ponto de me magoar. Muitas vezes de forma quase violenta. As palavras têm um peso grande nisto. As palavras ditas, a forma como são ditas, a força com que são atiradas e não apenas ditas. E essa dificuldade, que de forma quase inocente chamo de apenas “alguma”, é bem mais intensa e forte do que consigo expressar. Não, eu não esqueço facilmente. Seja o bom, seja o mau. Sejam quais forem as palavras. E que, mais vezes do que gostaria, consigo repetir como se de uma gravação se tratasse.
Penso demasiado no que me é dito. Ou nas palavras que me são atiradas quase com desprezo. Em termos psicológicos, fico a ruminar essas palavras que acabam por me trazer pensamentos e sentimentos muito desconfortáveis, até mesmo desagradáveis.
Eu sei que, neste ponto, o problema está unicamente em mim. O não conseguir desligar. O não passar adiante. O não me deixar afectar de forma tão negativa. O problema, neste ponto concreto, está unicamente em mim. E TODOS OS DIAS tento trabalhar no sentido de conseguir libertar-me do peso negativo com que algumas palavras, muitas palavras, TANTAS PALAVRAS me agridem. Mas eu sou do sentir. E sou das letras que formam palavras que formam frases que tantas vezes, demasiadas vezes!, me agridem e cuja agressão é sempre demasiado sentida…
E hoje, mais uma vez, senti-me agredida. Por palavras talvez não pensadas antes de ditas, mas que eu não consigo largar e pôr para trás…
…nunca disse a ninguém a importância e o peso que dou às palavras que me são ditas, seja em que contexto for. O que me fazem sentir, como me fazem sentir. Especialmente quando são palavras que me agridem.
…e, mais uma vez, as palavras que me foram hoje dirigidas, em consulta que deveria servir para me ajudar, foram uma forma de agressão. E que me fizeram sentir mal. Que me magoaram. Que me entristeceram. Que me deixaram com vontade de fazer aquilo que há dois anos não consigo fazer: chorar. De raiva. De revolta. De frustração. E as lágrimas insistem em simplesmente não existir…em não cair…
