Blue Monday. Terceira segunda feira de Janeiro. Também conhecida como “o dia mais triste do ano“. Se o é de facto, não sei. Por mim falo: manhã simpática, hora de almoço e início da tarde tranquilas, final da tarde e regresso a casa foi como voltar ao fundo do poço no meio de uma tempestade interna. E, seja uma Blue Monday ou outro dia qualquer, o psicólogo que não me ouve diria, mais uma vez, que a vontade que eu tenho de riscar a minha pele, o meu corpo, num comportamento auto-lesivo do qual já tenho experiência e lhe dei TODOS os sinais de alerta, não é mais do que uma forma de manipulação.
…não é. Um comportamento auto-lesivo, seja em que idade for, é um sinal de alerta. E aqueles riscos traçados na pele, traçados no corpo são um pedido de ajuda. Urgente.
…e ninguém imagina a força que tenho feito para manter a minha pele, o meu corpo, intactos. As palavras do psicólogo que não me ouve continuam a ecoar na minha cabeça. E, mesmo sabendo que ele está profundamente errado e que de saúde mental (ou falta dela…) sabe muito pouco, acho que é esse eco que me tem impedido de dar esse passo, concretizar essa vontade, assumir esse comportamento auto-lesivo.
………e porque é que estou a escrever sobre isto? Porque é que estou a escrever isto desta forma? Porque a vontade existe. Todos os dias mais forte. De forma mais intensa. E a luta comigo mesma, a auto-regulação, a capacidade de ser mais e melhor do que um comportamento auto-lesivo alegadamente manipulador, está cada vez mais fraca…e, por muito que eu diga aos quatro ventos que não estou bem e que preciso de ajuda, nada acontece…
Um abraço. Um colo. Um ombro. Ouvidos que me oiçam e me saibam ler nas entrelinhas. Alguém que se sente comigo, papel e lápis na mão, e me ajude a organizar-me. As ideias que tenho. O que quero (e posso) fazer. Que me ajude a ultrapassar esta vontade auto-lesiva de marcar a minha pele, o meu corpo.
Tatuagens na minha pele existem e são marcos que não posso nem quero esquecer. Riscos aleatórios, criados por mim, não são mais do que tentativas de abafar, silenciar!, o que me dói cá dentro. Tatuagens na pele? Sim. Riscos aleatórios? Não quero…
