Hoje convidei a minha mãe para almoçar fora. E, coisa rara!, ela aceitou!
Estamos, as duas!, a precisar de sair de casa, apanhar um bocadinho de ar, desligar do filme dos últimos dias onde fomos enfiadas e ainda não tem data para terminar. Eu chamo-lhe filme de terror surreal de muito longa metragem e com várias sequelas cinematográficas. A minha mãe chama-lhe telenovela da TVI com 500 mil temporadas que, quando achamos que uma acabou, de imediato começa a temporada seguinte. E enrola. E enrola. E enrola… Já lhe perguntei se é nesta temporada da telenovela que aparece a terceira gémea! Ainda não me respondeu. Nem ela sabe, já, o que esperar disto tudo. Mas acredito que já nós as duas esperamos por qualquer coisa, sem saber o quê. Mas QUALQUER COISA mais.
Precisávamos as duas de sair de casa. Por minha vontade, até podíamos ir dar uma volta ao paredão e ver o Mar. Afinal, já estamos no parque e o Mar está “já ali“. Mas esse “já ali“, para mim, não dá. De casa até ao parque foram 400 metros feitos a MUITO custo, com muitas dores e muito pouco equilíbrio, até menos do que já é habitual. Por isso, vou continuar com vontade e saudades de ver o Mar. O importante, agora, é aproveitar o tempo com a minha mãe fora de casa e numa pausa do filme de terror surreal de muito longa metragem.
O café depois do almoço era para ser em frente ao parque. Foi “só” caminhar até à passadeira, atravessar a estrada e chegar à esplanada, toda ela coberta de árvores. Fresca e ainda longe da hora de ponta do atendimento.
Enquanto eu me fui sentar num local fresco da esplanada, a minha mãe foi tratar de ir pedir o café. Não foi preciso esperar muito tempo para a minha mãe regressar. E o café? “Há um problema com a máquina. Não há café.”
Respirei fundo ao lembrar-me do caminho de regresso a casa: pouco mais de 400 metros totalmente ao Sol. O chapéu estava na cabeça, tudo bem, o problema não estava aí… Tenho café em casa, também não era esse o problema. O problema eram as muitas dores nas pernas por causa do calor e os pouco mais de 400 metros à torreira do Sol até casa! Que, de facto, foram feitos! À estonteante velocidade de fazer pouco mais de 400 metros em meia hora! Não me apetece fazer contas para saber a velocidade exacta a que vim, mas vim o mais depressa que esta coisa que me apanhou na curva me permite! Por isso, sim!, a coisa ESTÁ assim tão má! E eu estou farta disto! E de saber que, apesar de ter tratamento, não tem cura e eu CONTINUO À ESPERA da medicação que, no dia 10 de Julho, me foi prometida (garantida?) para “muito em breve”. Percebi já que não sei qual é, de facto, a noção de brevidade do médico, mas Agosto está a chegar ao fim e, para mim, o “muito em breve” já passou há muito tempo.
Estou zangada! Revoltada, comigo mesma, com isto que me apanhou na curva e com a falta de tratamento garantido pelo médico que só preciso de saber para quando! Por mim, era para ontem!
Já percebi que o calor é o meu pior inimigo no momento. Que me faz ter demasiadas dores que comprimido nenhum resolve. Que caminhar é uma aventura. E que o equilíbrio é um bem escasso. Por isso, deixem-me vomitar no éter aquelas palavras que, cá em casa, se recusam a ouvir!
Se “isto” se vê? Não. Se é contagioso? Não! Letal? Hell no! Só acontece aos mais velhos? É que nem de longe nem de perto! “Isto” apanhou-me a mim. Na curva. Sem eu prever nada ou, sequer, estar preparada! Coisa que nunca ninguém está… Mas, em menos de um ano!, já fez estragos suficientes. E eu estou cansada. E farta. “Disto“!…