Diamond de algum calor lá fora e Sol brilhante no céu. E eu, cansada da minha bolha de auto-isolamento, decidi e à esplanada dos Domingos. Aquela que, em dias como o de hoje, enche. De gente e de barulho.
Preparei-me para o calor com roupa fresca. Preparei-me para o Sol com chapéu na cabeça. Preparei-me para a esplanada cheia de gente com máscara. Cirúrgica por as FFP2/KN95 acabaram cá em casa e a farmácia estava fechada, mas amanhã já reponho stock. E mais vale uma máscara cirúrgica do que nenhuma máscara.
Depois da péssima noite de ontem em que a dor de cabeça para além de ser infernal era também esquisita ao ponto de não saber como descrevê-la e que veio acompanhada de uma enorme intolerância ao mínimo som ao ponto da televisão cá de casa estar praticamente sem som e eu só conseguir comunicar com a minha mãe por sussurros de ambas, preparei-me mentalmente também para o ruído da esplanada. Já não estava a ser fácil estar no cadeirão em casa, no primeiro andar, e ouvir os miúdos a brincar e a gritar no pátio aqui em baixo. Mas eu tinha que sair de casa, ver gente, caminhar um pouco, apanhar Sol, distrair-me. Por isso, enchi-me de coragem e fui até à esplanada.
Como esperado, muita gente, muitas crianças, algum ruído. Do qual me consegui abstrair por estar a conversar com a minha mãe e a resolver assuntos pendentes e a planear os próximos dias.
A esplanada dos Domingos fica em frente ao parque urbano que vai dar ao paredão para ver o Mar. E a minha vontade, quando cheguei à esplanada, era de ir até ao parque, até onde conseguisse ir. E, de repente, uma discussão interna…
A Minha cabeça disse-me “quero ir ver o Mar. Quero ir até lá abaixo, molhar os pés, caminhar na areia molhada. Vamos! Tu consegues! Tens vários bancos no Parque para recuperar forças pelo caminho! Vamos! Eu preciso de ver o Mar!” ao que o meu corpo imediatamente respondeu “deixa-te de tretas. Já estás cansada. E estás a esquecer-te que, se vais, tens que voltar. Por isso, não!, hoje não vais ver o Mar.” E, mais uma vez, o meu corpo ganhou. Obedeci-lhe e voltei para casa.
E ainda bem que lhe dei ouvidos. Porque só voltar da esplanada dos Domingos para casa já custou o suficiente.
Sei que hei-de voltar a ir ver o Mar. Só não sei quando. Sei que caminhar é o melhor exercício físico que posso fazer. Faz-me bem em vários aspectos. Nem sempre o meu corpo tem essa vontade e sei, também, que é preciso contrariá-lo para que ele não se esqueça que tem que trabalhar para eu alcançar o meu objetivo: estar na minha melhor versão possível.
Sei que tenho um grande trabalho pela frente e já ando à procura de soluções para ter acompanhamento nesse trabalho. A fisioterapia, onde estou, está longe de me prestar o serviço que preciso. Por isso, tenho que procurar alternativas. Ginásio? Não tenho nem paciência nem perfil e muito menos dinheiro para pagar um Personal Trainer que me planeie um trabalho de recuperação correcto e me acompanhe em cada treino. Resta-me então a possibilidade da hidroterapia. Que sei que me pode ajudar em alguns campos. E, depois disso, manter o Yoga, claro, e não vejo a hora de poder voltar às aulas que me fazem tanta falta. Para além da eventual hidroterapia e o certo regresso ao Yoga, restam-me as caminhadas pelo parque até ao paredão.
Neste momento não me sinto confortável em avançar para as caminhadas. O meu corpo ainda está a recuperar da infusão da medicação da semana passada. Talvez esta semana já me dê algum sinal de que pode andar um pouco mais do que apenas até à esplanada dos Domingos. Mas, para a próxima semana, nova infusão. E lá vai tudo abaixo novamente…
Resta-me torcer para que o Outono não seja muito chuvoso para poder caminhar todos os dias um bocadinho como fazia o ano passado quando ainda mais ou menos conseguia caminhar sem grandes desequilíbrios.
Sim, já me convenci de que só a fisioterapia não me é suficiente e tenho um longo trabalho pela frente. E, no fundo, isso é não desistir de mim! Quero ser e estar na minha melhor versão possível.
Amanhã começo a fazer alguns telefonemas. Tenho que começar por algum sítio e de alguma forma! Não posso, nem quero!, desistir de mim!