Há muito tempo que deixei de fazer planos. Já sei que acaba sempre por acontecer alguma coisa que impede que os planos se realizem. Mas não deixo de programar coisas. E, depois do dia fisicamente puxado de ontem, com fisioterapia de manhã cedo e Yoga ao final do dia, novamente fisioterapia hoje cedo, só havia um programa possível para a tarde: sofásana, aquela postura de Yoga que, na verdade, não existe mas que eu tenho adoptado como a minha favorita. Para ajudar, tinha recomendações da fisioterapia: gelo no joelho e almofada térmica quentinha na lombar. Assim um misto de frio e quente estranho, mas necessário.
Depois do almoço ainda tive energia para vir ao Jardim da Depressão beber um café, fumar um cigarro e pisgar-me daqui para o sofá. E, ao chegar ao sofá, quase não tive tempo de pôr o gelo no joelho e a almofada na lombar. E, se bem me lembro (mas não garanto), nem cheguei a pôr os óculos para ler as legendas na televisão. Foi kaput imediato.
Mas antes de tudo isso ainda consegui comentar uma publicação de uma rapariga escocesa, doente crónica e no espectro do autismo, que publicou um poema com o qual eu me identifiquei na totalidade. E, em resposta ao meu comentário, chegaram-me respostas a assegurar-me aquilo que os meus amigos não me asseguram: que não estou sozinha! Porque existe uma enorme comunidade online de doentes crónicos, com Esclerose Múltipla como eu ou não, que se apoiam mutuamente. Porque se entendem uns aos outros. Porque se ACEITAM uns aos outros, tal como estão e TODOS se recordam que são MUITO MAIS do que a doença que carregam.
Curiosamente (ou não…), tem sido nessa comunidade online espalhada pelos quatro cantos do Mundo e composta por pessoas que eu NÃO CONHEÇO que tenho encontrado mais apoio. Raramente interajo com as publicações, mas reconheço-me em cada dificuldade, cada dor, cada cansaço extremo, cada partilha, cada palavra.
Como não ter nas redes sociais o garante da minha saúde mental se é nas redes sociais que ENCONTRO apoio? E esse apoio pode ser um simples post, uma simples resposta a um comentário, mesmo que seja a dizer-me que também passaram pelo afastamento e abandono dos amigos e que a responsabilidade não é nossa…