Uma hora e meia de fisioterapia todos os dias a começar às 9h30 da manhã. Requer alguma disciplina de horários, coisa que eu não tenho. A disciplina de me deitar cedo, pelo menos.
Sendo que acontece todos os dias, é normal uma pessoa chegar a sexta feira cansada. Especialmente depois de uma aula de Yoga à quinta feira ao final do dia que me atrasa os horários ainda mais do que nos outros dias. Mas não é por isso que vou desistir do Yoga. Seja à quinta feira ou seja a que dia for.
Voltando à fisioterapia: ir aos tratamentos é, literalmente, (re)aprender a andar. Dou por mim muitas vezes a recordar-me do microsobrinho quando aprendeu a andar. Agarrado, ia a todo o lado. Como eu agora, desde que tenha a bengala comigo, vou. E se tiver quem me dê o braço, ainda vou mais longe e mais depressa. Não muito mais depressa, mas pelo menos mais segura.
Um dia o microsobrinho percebeu que, largando os apoios e uma vez que já dominava o equilíbrio, podia ir sem medos onde quisesse. E foi.
Eu gostava de conseguir fazer como ele: dominar o equilíbrio, largar os apoios e simplesmente ir. Não vai acontecer. Mas posso (e devo!) trabalhar o equilíbrio o mais possível e (re)aprender a dar passos mais seguros. O apoio da bengala é para ficar. Mas o equilíbrio e o caminhar (mais) segura e sozinha são para reconquistar. Um dia atrás do outro. Sem pressa e sem pressão.
O resto do dia foi para recuperar. Mas como é que se recupera das saudades que temos de alguém? Não sei…
À noite falamos de sonhos. E assumo que foi com ele e por causa dele que reaprendi, recordei, seja lá o verbo que for!, que é possível sonhar. E também por isso continuo a escrever todos os dias. Porque não é só o poeta que sonha e escreve, que escreve e sonha. E deixar de sonhar não pode acontecer. Assim como, para mim, também não pode acontecer deixar de escrever…
A noite hoje não se vai alongar. Não pode. Estou cansada. Moída. Dorida. Amanhã é dia de Yoga logo de manhã cedo. E, apesar de tudo, dou por mim a sonhar ao mesmo tempo que vou escrevendo. Porque, se um dia eu deixar de acreditar no poder dos sonhos, deixo também de acreditar na força da palavra escrita. Seja em prosa ou poesia.