Ontem, numa Teleconsulta onde de facto me ouvem e se lembram do que foi falado anteriormente, disseram-me sobre os meus dias: “são sempre iguais, não são?”. E, de facto, contando com (já) 17 meses de baixa médica que se traduzem em muito perto de 400 dias (agora não me apetece ir fazer contas para saber o número certo, mas não falho por muito), os meus dias não têm sido muito diferentes uns dos outros. Já passei aquela fase em que todas as semanas tinha que ir ao Hospital para testes, exames, análises, consultas, fisioterapia, tratamento preventivo. Nessa altura havia sempre algo de diferente a acontecer, mesmo que o denominador comum fossem as idas ao Hospital. Depois de concluído o diagnóstico, mantêm-se uma ou outra consulta de vez em quando, estando a menos de um mês de concluir o tratamento preventivo vão terminar também as análises mensais seguidas de consulta médica para divulgação e avaliação dos resultados e consequente consulta de enfermagem para receber a medicação e a Fisioterapia, que veio sem data de término porque vai ser necessária para sempre, mudou do Hospital para clínica no centro de Almada. E com essa acalmia chegaram os dias todos iguais. Sem grandes rotinas. Sem grandes diferenças. Sem nada, no fundo…
As únicas coisas que se mantêm são as aulas de Yoga às quintas feiras ao final da tarde e aos sábados, agora logo no início da manhã. E foi a melhor coisa que podia ter feito, inscrever-me no Yoga em Maio de 2023, ainda longe de saber o que tenho e ainda sem qualquer suspeita sequer. E sempre que recordo as palavras do neurologista em Outubro passado, “nem pense em desistir do Yoga!”, digo sempre que desistir do Yoga não faz parte dos meus planos. Mesmo! E, lá está, desde Maio de 2023 que tenho sempre alguma coisa (boa) a acontecer.
Depois existe também a Fisioterapia na clínica no centro de Almada. Em ciclos de 15 tratamentos diários que se resumem em 3 semanas de trabalho de equilíbrio e reforço muscular. Onde tenho conhecido pessoas novas, é verdade. E que, até há bem pouco tempo, entre ciclos existia um período de espera demasiado grande e onde chegava a regredir por falta de tratamento. Felizmente já perceberam que situações neurológicas, como é o meu caso, não podem ficar tanto tempo sem tratamento e passámos a ser prioritários para início de novo ciclo. O que significa que se o último dia de um ciclo for a uma quinta feira, por exemplo, desde que a prescrição médica já tenha dado entrada na clínica posso iniciar o novo ciclo logo na sexta feira seguinte. Posso também não avançar logo para o novo ciclo e, como disse o Fisiatra da clínica, tirar umas férias para descansar e recuperar o corpo antes de regressar ao trabalho. Desta vez senti necessidade de tirar essas tais férias. Adiei o início por uma semana. Tempo suficiente para descansar e recuperar. Terça feira, dia 4 de Fevereiro, regresso. E, desta vez, novamente sozinha.
E, de repente, páro para pensar e perceber que, mesmo com os dias de Yoga e os ciclos de Fisioterapia, sim, os meus dias são sempre iguais.
E continuo cheia de vontade de fazer tanta coisa e sem me conseguir organizar. Especialmente por sentir que, sim!, tenho vontade de fazer tanta coisa mas sem conseguir apontar uma única coisa que seja…
Por isso, sim!, os meus dias são sempre iguais. E, mesmo não fazendo nada para além da Fisioterapia e do Yoga, as 24 horas do dia não me chegam. Para quê? Na realidade, para nada mesmo…e dou por mim a querer mais, mesmo não sabendo do quê em concreto. Mas quero mais! Provavelmente mais de mim mesma, mas ainda estou a tentar perceber como funciona para alcançar, para ter, para ser mais de mim mesma. E não sei. Assim como também não sei a quem perguntar…
Amanhã será mais um dia igual aos outros. Acordar à hora que for, almoçar sabe-se lá a que horas e depois…depois logo se vê…
