Daily Archives: 11/02/2025

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Sentada há várias horas no cadeirão com o telemóvel na mão a tentar escrever o que há muitas horas não me sai da cabeça. Tantas horas que até é capaz de já vir de ontem. Porque, na verdade, o que tenho necessidade de pôr por escrito acompanha-me todos os dias. Especialmente desde que comecei a Fisioterapia ainda no Hospital. E que, aprendi com o tempo, faz parte disto que me apanhou na curva e que eu continuo a não chamar pelo nome. Sei que o fiz há dias para me obrigar a olhar isto de frente e a aceitar o que me apanhou na curva. Não resultou. Porque não há um botão on/off para estas coisas que nos caem em cima e que, de repente, nos condicionam em tanta coisa e nos viram de pernas para o ar e ainda ouvimos “tens que aceitar”.

Não! Eu não “tenho que” nada! E se “tiver que” alguma coisa então serei eu a ditar as regras. O jogo veio para ficar? Então será jogado como EU quero.

É revolta, é frustração, é luto, é medo, é ansiedade? É isso tudo! E é também dor. Física. Intensa. Condicionante. Limitante.
No fundo, é uma merda, é o que é. E tantas vezes tenho vontade de desistir, de entregar os pontos.

Gostava de poder falar abertamente com mais pessoas sobre o que sinto, especialmente quando tenho tanta vontade de desistir. Não o faço com quase ninguém. Porque não me sinto no direito de me queixar constantemente das dores nas pernas que me condicionam ao ponto de, tantas vezes, não conseguir dar um passo que seja. Não me sinto no direito de preocupar ninguém. Não me sinto no direito de ser um peso para ninguém.

Só eu sei o quanto me custa pedir ajuda. Seja a quem for. Mas pedir ajuda à minha Mãe…não tenho como descrever o tanto que me custa.

Isto que me apanhou na curva, que eu não procurei mas que me encontrou e veio para ficar, e que é diferente para cada um que tem o mesmo, eu só consigo descrever de uma forma muito simples: DORES! Muitas. Intensas. Fortes. Condicionantes. Limitantes.

…e a minha vontade continua a ser a mesma de todos os dias desde há dois anos e que eu NÃO CONSIGO concretizar: chorar! Simplesmente chorar…para fazer o meu luto, para aliviar o peso que trago cá dentro…tão simplesmente chorar. E não consigo…

Tantas perguntas para fazer. Tantas! Tantas! Tantas! E sem ter ONDE as fazer. Ou a quem as fazer!

Já o disse antes: eu não procurei NADA disto! Mas isto apanhou-me na curva, desprotegida, vulnerável, diria até que, tantas vezes, abandonada. Apanhou-me na curva, encontrou-me e veio intencionalmente para ficar.

As perguntas? Sobre o ontem já perguntei e não sabem a resposta, porque isto sobre ontem não há como saber a resposta. O hoje é um dia de cada vez, porque aqui todos os dias podem ser absolutamente diferentes. O amanhã…é esse o meu grande volume de perguntas que tenho para fazer, mas não tenho a quem.

Confusa, frustrada, perdida. E a vontade é desaparecer e começar de novo num sítio qualquer distante, deixando para trás o que me apanhou na curva. Mas não é possível. Eu posso até desaparecer e começar de novo num sítio qualquer distante, mas onde quer que vá isto vai estar lá sempre comigo. E eu não quero

Sei como é o hoje. Faço alguma ideia do que poderá ser o amanhã. E não quero! Mas também não posso fugir dessa hipótese que insisto em recusar!

E continuo a dizer: não quero ser um peso para ninguém! E sei que já o sou, por muito que, educadamente, me digam que não sou!

Mas já sou um peso enorme quando era a última coisa que queria ser

…e A QUEM é que eu faço todas as perguntas que tenho para fazer…? A ninguém…