Sábado. Que, por norma, é o dia mais aborrecido da semana, hoje não foi. Três anos depois foi dia de feira. Voltar a montar a banca, organizar os artigos em exposição, ver reacções e ouvir os comentários.
Em termos de vendas não foi um dia bom. Já ali tive volumes de vendas muito melhores. Mas, desta vez, o objectivo principal não era vender para fazer pela vida mas sim vender para partilhar parte de mim.
Apesar de haver ajuda cá em casa para produzir as minhas peças, sinto-as todas parte de mim. Porque é de mim que nascem, crescem e partem. São pensadas, às vezes desenhadas, testadas. Vêm de dentro. E revejo-me em cada uma delas. Nem fazia sentido se assim não fosse. Isso seria fazer por fazer e isso não consigo.
Foi bom voltar a montar banca tanto tempo depois. Mas foi ainda melhor sentir o apoio dos amigos. Senti-me muito aconchegada a cada nova reacção de apoio. E foram muitas e de diversas formas. E foi muito por sentir esse apoio que decidi que está na hora de tentar libertar as peças que ainda tenho cá por casa. Não faz sentido mantê-las fechadas numa caixa quando podem fazer sorrir outras pessoas. E, por isso, abdiquei de uma tarde de descanso e ronha para me dedicar à apresentação e partilha de peças que são, na realidade, parte de mim.
Foi um bom dia. Soube muito bem fazer o que fiz de manhã. Não sei quando voltarei a repetir. Não é fácil deslocar-me com uma logística tão complicada como um dia de feira exige quando não tenho carro. Mas quem sabe um dia?
Por hoje só eu fui importante. Não me esqueci de ninguém, o outro lado esteve sempre presente e a preocupação também. Mas hoje só eu fui importante.
Amanhã? Logo se vê como será. Dedico-me ainda à partilha de peças alternando com descanso. Para além disso, é o que for. Estou cá para quem me quiser presente. Mas continuarei a ser eu o mais importante.
