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Lido por aí hoje, numa qualquer rede social através dele: “nunca desvalorize o poder de um elogio“.

É aquela coisa do reforço positivo. Que nos ajuda a manter a cabeça erguida e a seguir em frente. No sábado tive esse reforço positivo quando o Pedro, professor de Yoga, me disse que, apesar do meu diagnóstico, eu sou capaz de alcançar nas aulas mais do que eu mesma imagino. E soube muito bem ouvir isso, claro que sim. Foi também uma espécie de elogio, penso eu. Pelo menos, é como eu o vejo.

Na fisioterapia cruzo-me com muitas pessoas de diversas idades e condições físicas. E algumas bastante sérias e limitantes. Como a é o caso da Célia. Mais ou menos da mesma idade que eu, com algumas dificuldades parecidas com as minhas, mas com muito mais limitações pelo diagnóstico mais complexo. Foi a Célia que, no dia em que nos conhecemos e sabendo ela já do que se passava comigo porque o encontro não foi casual mas sim programado pela fisioterapia que me sabia tão perdida no meu processo, me disse qualquer coisa como “a vida não acaba com o diagnóstico”. E tenho aprendido, devagar, que é como ela diz. Tem sido uma pessoa que puxa por mim, que me faz acreditar que é possível viver bem e com qualidade apesar do diagnóstico.

Na fisioterapia temos muitos exercícios semelhantes, um dos quais é caminhar entre duas barras paralelas com pequenos obstáculos que nos (re)ensina a andar e a forçar a manutenção do equilíbrio. Já tenho visto a Célia a fazer o seu exercício de barras e é notória a dificuldade maior do que a minha. Ontem foi a vez da Célia me ver a mim a caminhar entre as barras. Neste exercício as barras estão lá para nos podermos apoiar em segurança enquanto caminhamos. Já o conhecia dos tempos de Fisioterapia no Hospital e logo nessa altura eu fazia questão de tentar caminhar sem me apoiar nas barras. Era raro consegui-lo. Tinha que me apoiar sempre, nem que fosse só com uma mão. Mas sempre fiz questão de insistir em tentar largar as barras.

Os resultados da Fisioterapia no Hospital foram muito positivos, saí de lá a caminhar melhor, com um pouco mais de equilíbrio, mais confiante. Com a passagem para a Clínica mantive o objectivo que tinha, mentalmente, definido para mim: não ir pelos caminhos mais fáceis. Neste caso, o mais fácil não me traz grande benefício. Por isso, sempre que vou às barras, insisto em tentar caminhar sem me apoiar. É verdade que a distância é muito curta, não sei se chega sequer a 2 metros, mas é o suficiente para me desequilibrar logo no primeiro passo se não me apoiar.

Tenho insistido muito em não me apoiar nas barras. E tenho conseguido o meu objectivo: ir de uma ponta à outra, ultrapassando os obstáculos que estão no chão, sem me apoiar. E ontem, ao observar-me no exercício das barras, a Célia viu aquilo a que eu chamo de pequena conquista: fazer o percurso várias vezes sempre sem me apoiar. E, quando viu que eu consegui, começou a bater palmas e genuinamente a puxar por mim, feliz por mim. Se isto não é um reforço positivo, não sei o que será. Soube muito bem perceber que não estou sozinha, que há quem torça por mim e fique feliz comigo com as minhas pequenas conquistas.

Hoje o tratamento foi mais reduzido, mais limitado porque as dores que tinha ontem à noite ainda estavam presentes nas minhas pernas esta manhã. Não houve caminhar nas barras para repetir o não me apoiar. A fisioterapeuta apostou apenas na manipulação das pernas e pés para aliviar do esforço das últimas semanas. E eu agradeço esse intervalo. Ainda tenho mais 4 sessões até terminar este ciclo de tratamento. Mas tenho que ouvir o meu corpo e obedecer-lhe.

As pernas hoje continuam com dores. Mais ligeiras que ontem, mas as dores continuam a incomodar. Amanhã de manhã logo se vê como estarei e como será o tratamento. Mas, saber que o reforço positivo está lá, é meio caminho andado para correr bem.

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