Depois do nevoeiro da manhã, o céu de um azul intenso como há muito tempo não o via. O Sol quente. O regresso da Arriba Fóssil ao lugar que lhe pertence.
E, o que regressou também, igualmente de forma intensa como há algum tempo não acontecia, foram as dores. Nas pernas. Dos joelhos para baixo. Dores que não me deviam pertencer, não deveria haver lugar para elas em mim. Dores de uma intensidade impossível de descrever…
Já doíam ontem. Mas nada comparado com o que doem hoje. Já doíam de manhã. Mas nada comparado com o que doem agora…
Os exercícios da fisioterapia moem-me os músculos das pernas, é verdade, mas não estes músculos. Porque na fisioterapia o que sinto mais trabalhado são os músculos dos joelhos para cima. Mas aí só os sinto moídos. E com a manipulação da fisioterapeuta aliviam bastante e não chegam a doer. Mas dos joelhos para baixo…
Ingenuamente cheguei a pensar que as dores eram resultado de mais uma noite pouco dormida e que, se descansasse no sofá com as pernas esticadas, as dores iriam passar. Fui tão ingénua…
Adormeci no sofá. Foram 2 horas e meia em que desliguei do Mundo. E, quando acordei, as dores… As dores mais fortes, mais intensas, quase insuportáveis. Ainda assim, novamente ingenuamente, decidi ir à rua beber um café. E foi a caminho do café que percebi: as dores. Piores do que as sentia em casa. E dar um simples passo em frente esteve muito perto de se tornar impossível.
Ainda não sei bem como, mas consegui chegar ao café. Sentei-me na esplanada do costume. Bebi o café. E, ao levantar-me para voltar para casa…as dores. O esforço imenso para fazer 150 metros. A vontade de chorar de dores. Mas as minhas lágrimas secaram e foram substituídas por palavras, apenas.
Não faço ideia de como estarei amanhã de manhã para ir à fisioterapia. Mas sei como estou agora para ir do cadeirão até ao sofá. E as dores são de tal forma fortes e intensas que chego a duvidar se vou conseguir sair da varanda para a sala.
Se isto faz parte daquela coisa que me apanhou na curva? Não faço ideia. Sei que as dores são muito perto de serem insuportáveis de tão fortes e intensas que estão hoje.
E eu não aguento mais…