Aventureiras. Não sei se cabras, se ovelhas. Apenas sei que são aventureiras. E ousadas. No topo da Arriba, com coragem e equilíbrio suficientes para andarem no limite. Às vezes gostava de ser como elas: com coragem e equilíbrio suficientes para arriscar sair daquela zona confortável, de segurança, e arriscar um pouco mais, sem duvidar das minhas capacidades.
Elas, lá em cima, no topo da Arriba, à beira do abismo, com sabedoria suficiente para não darem um passo em falso. Confiantes da sua força. Da sua coragem e equilíbrio. Sem a vertigem do abismo logo ali, à frente delas.
Eu, cá em baixo, com todas as minhas dúvidas e inseguranças, sem coragem para dar mais do que dois passos no passeio sem apoio. Sem o devido equilíbrio, seja ele de que tipo for, para sair da minha zona confortável, de segurança.
Elas todos os dias fazem do topo da Arriba a sua rotina. Vivem sem pressa. Não perdem tempo a pensar no amanhã, ou no dia que vem depois de amanhã ou de como será daqui a um tempo indeterminado.
Eu? Continuo a tentar aprender a viver um dia de cada vez, digo sempre que é sem pressa mas secretamente desejo voltar ao normal rapidamente. Mas depois lembro-me que esse tal normal é, para mim, todo um novo normal ao qual ainda não me habituei. O qual ainda não aceitei…
Elas lá em cima sem a vertigem do abismo.
Eu, cá em baixo, a sentir-me à beira do abismo.
Ainda tenho tanto que aprender com aquelas aventureiras no cimo da Arriba…