{#300.66.2022}

Dia 300 do ano. E, depois de ter atirado o barro à parede ontem, hoje tive a resposta. Não a que queria, claro, mas a que adivinhava desde o primeiro momento. E, mesmo sabendo o que sei, nada me tira da cabeça o que insisto em pensar e que ninguém valoriza: o denominador comum. Que sou eu…

Nada me tira da cabeça que sou eu o motivo para a resposta que já adivinhava. Sei que existem outros factores de peso. E entendo-os porque os conheço na primeira pessoa. Sei o peso que têm. E podem, sem dúvida, ter pesado na resposta. Mas depois há o tal denominador comum, que sou eu. E ao fim de cinco anos já devia saber qual o meu lugar neste jogo…

Cinco anos hoje desde aquele momento em que dei por mim a pensar “já foste…”…e fui mesmo. Lembro-me do momento exacto naquela esplanada em mesa para dois, depois de um dia de trabalho, ainda antes do jantar, das risadinhas nervosas, do jeito de mãos que se procuravam ocupar sem sucesso, das primeiras partilhas. E foi aí, nesse momento, que “já foste” se tornou num ponto sem retorno.

Estava calor nessa noite. Nada como hoje, em que já choveu e está frio. Calor para t-shirt no fim de Outubro e para, depois de um bom jantar, terminar a noite à beira da praia. E boa conversa desde o primeiro momento. Como ainda hoje acontece.

Cinco anos hoje em que “já foste” não me sai da cabeça. E, ao contrário do que eu gostaria, foi só mais um dia igual aos outros. Em situações normais teria desafiado para um novo jantar ou um simples café. Provavelmente não iria acontecer à mesma. Mas este momento não é de uma situação normal. E isso preocupa-me. Claro que preocupa. E muito.

Não sei se o alvo da minha preocupação tem noção do que me preocupa. Não tem, de certeza. Até porque neste momento tem mais em que pensar. Tem que pensar em si. Antes dos outros. E não o sabe fazer. Mas está a querer aprender. Está a receber orientação nesse sentido. E espero que não deixe de receber o que precisa.

E eu, querendo puxar para cima, talvez não esteja a ajudar. E por isso acho que está na altura de voltar a soltar e deixar ir. Não é fugir. É não pôr pressão. E pressão é a última coisa que é precisa aqui. Vai-me custar horrores. Mas vou ter que soltar e deixar ir. Dar tempo. Dar espaço. É só o que posso fazer. Mas, claro, tenho medo. Muito. De perder alguém pela distância imposta.

Cinco anos. E hoje vou conhecendo o lado vulnerável de alguém que sempre conheci de sorriso fácil. Não é fácil conhecer esse lado porque não sei como agir. Mas não é mais difícil para mim do que para quem se está a conhecer também.

São dias conturbados. E se a minha presença não ajuda, talvez a minha ausência o faça. Por isso decido afastar-me. Vai custar horrores. Mas tem que ser.

Amanhã? Logo se vê. Por hoje já foi o que tinha que ser. E nem posso dizer que tenha sido bom ou mau. Foi só o que foi: mais um dia igual aos outros.

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