{#240.127.2024}

É impressionante como é que, depois de tantos anos com consultas semanais com o terapeuta fofinho em que todos os (meus) temas foram abordados, de repente, e em simples trocas de mensagens com quem me permite desabafar e descarregar o que trago cá dentro, as fichas me estão todas a cair.

Na semana passada foi sobre o meu pai, tema que durante anos não consegui entender, aceitar, processar. Depois sobre os meus irmãos e as relações que não existem com nenhum dos três e que, já percebi, dificilmente serão recuperáveis.

Hoje? Foi sobre a minha mãe e a dificuldade que tem em dar-me aquilo que, neste momento, mais preciso. O apoio da minha mãe, desde sempre e em tudo, sempre foi incansável e incondicional. Mas, neste momento em que ainda estou a tentar aceitar o que me apanhou na curva, e apesar de nunca me falhar ou faltar, percebo que não há, há muito tempo, o que mais falta me está a fazer agora: o apoio emocional. Que preciso tanto nem que seja para poder dizer que já sei que sexta feira me vai ser um dia duro com duas consultas hospitalares em hospitais distintos que me vão obrigar a caminhar demasiado e as dores vão fazer-se presentes em força. Poder dizer isto sem ser imediatamente criticada por ser “tão negativa”, por só “pensar no lado mau”, por me queixar, no fundo.

Não duvido que também ela tenha sido apanhada de surpresa, claro que foi. E também não é fácil para ela lidar com o que se passa comigo de forma neuro-degenerativa e progressiva e que assusta qualquer um. Ela também não saberá como lidar com isto. Mas eu também não! E esta seria a altura certa de ambas aprendermos! Mas, para isso, preciso muito do tal apoio explícito que me está a faltar: o apoio emocional.

E, de repente, percebo porque é que, tendo tanta gente à minha volta com palavras de apoio e mãos estendidas prontas para não me deixarem cair, me sinto sempre tão sozinha. Porque sinto a falta do mais importante: o apoio emocional da minha mãe

Eu sei que, para ela, exprimir emoções é difícil. Guarda tudo para dentro. E não pode! Não lhe faz bem nenhum! Não faz a ninguém… E sei, também, que não é agora que ela vai mudar. Faz parte da maneira de ser dela. Da maneira de sentir dela. E eu sou completamente o oposto… Não existe um ponto de equilíbrio entre nós. E era tão importante que existisse.

Eu preciso da minha mãe agora mais do que nunca. Não só para ir aqui ou ali. Eu preciso do apoio emocional da minha mãe. E esse está-me a faltar…

{comentários}

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.