Daily Archives: 09/11/2022

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Quarta feira, dia do meio. Dia nim, nem não nem sim. E hoje definitivamente nim. Sem poder trabalhar de manhã por problemas de sistema que cortaram a possibilidade de comunicação da empresa, demasiado tempo livre para pensar demais no que não devo.

Continuo à espera de uma iniciativa que não existe, de uma resposta que não vou ter embora o silêncio seja uma resposta, à espera não sei muito bem do quê. Sei, sim, que esta ausência de resposta me está a condicionar mais do que gostaria. E não estou a gostar do efeito que já se faz sentir.

Sim, tenho que lutar contra isto e não permitir que me consuma como consumiu há uns meses. Por muito que entenda o outro lado quando precisa de tempo e espaço, não entendo a ausência e o silêncio. Não entendo mesmo. Serei eu, mais uma vez, a interromper a contagem. Cinco dias por agora. Mas será uma contagem sem fim se não for eu a interromper. E não entendo o porquê. Não entendo…

Sim, está a mexer demasiado comigo. Não quero, mas também não sei como mudar o que sinto. E, como sempre, eu sou de sentir tudo, seja o bom ou, como agora, o menos bom. Sinto tudo. Mas ainda não sei como lidar com o que sinto…

Um dia. Um dia deixo de ser parva. Mas não é hoje. Por hoje apenas sinto que começo a ficar menos bem. E não quero. Nem posso. Mas é o que está a acontecer…

Amanhã será melhor. E amanhã interrompo a contagem dos dias. Porque há uma data marcada que se aproxima. E nessa data quero fazer aquilo a que me propus há quase um mês e que ficou conversado. E, atrevo-me a dizer, combinado. Só preciso de confirmar que sim, se mantém como falado. E, claro, aproveito para saber como está tudo do outro lado. Ou “tudo”.

Enfim. Irei continuar a sentir tudo. Essa é que é essa. E, neste momento, o que sinto dói. E não gosto do que sinto. Mas, lá está, eu sou de sentir. Tudo. Eu, borderline, sinto tudo demasiado. Desde sempre. Mas nem por isso sei lidar com o que sinto da melhor forma.

Vamos ver como correm os próximos dias. Amanhã? Logo se vê como corre também… Por hoje não devo dizer nada, já é tarde. Mas amanhã sim. E depois logo se vê…

Nove. Nove anos.

9 anos desde aquela manhã em que aprendi que, às vezes, os outros somos nós.

Não, não acontece só aos outros. Um dia percebemos que, de facto, às vezes não há depois, não há dia seguinte.

Sabes, Alexandre, o tempo passa, mas a ausência fica. Como assim, nove anos já desde que te roubaram de nós?

Nove anos e nunca mais nenhum de nós foi o mesmo. Crescemos à força da brutalidade, transformámo-nos, mas nenhum voltou a ser quem era.

Por vezes esqueço-me daquela coisa de não ter tempo para perder Tempo. Mas a verdade é que nenhum de nós tem tempo para perder Tempo. Porque, um dia, do nada esse tempo acaba. O único tempo que não acaba é o tempo da ausência. Porque essa fica para sempre.

9 anos, Alexandre. E foi como se fosse ontem. Não me esqueço, nenhum de nós se esquece. Mas nem por isso deixas de fazer falta.