Daily Archives: 15/11/2022

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Cantam por aí que a vida é sempre a perder. E é. E hoje, não duvido, percebi que perdi alguém. Não foi um murro no estômago como há seis meses. Não era nada que não esperasse. Sabia que não só podia acontecer como tinha a certeza que iria acontecer. Era tudo uma questão de (pouco) tempo. E aconteceu. E o saber que, de facto, aconteceu só vem confirmar o que eu já sabia, que posso overthink tudo e mais alguma coisa mas dificilmente (e muito raramente) me engano.

Não gostei da conversa de hoje. Onde via uma amizade, hoje percebi que, se calhar, nunca o foi. E que facilmente se descarta a possibilidade de conhecer melhor alguém como eu, que se esconde quando se quer dar a conhecer e tem dificuldade em fazê-lo. Por medo de desiludir. Por medo de ser rejeitada. Por medo de não se encaixar.

Foram cinco anos. De investimento naquilo que sempre chamei de amizade. Mas que, sei agora, não passou de uma simples presença online. Afinal, nunca fui mais do que apenas isso.

Tinha que ser eu. E não é fácil ser eu. Mas tinha que ser eu. O eterno denominador comum.

Não foi um murro no estômago o que recebi hoje. Mas foi uma desilusão. É assim que sinto. Cinco anos que, para mim, foram tanto e que para o outro lado, ao que parece, não foram nada. Como é que me perdi tanto durante todo este tempo?

Não, não é fácil ser eu. E agora perdi. Perdi o porto de abrigo. Perdi o que achava ser uma amizade. Simplesmente perdi. E não quero sequer pensar que perdi o mais importante: tempo. Cinco anos. Que vejo postos no lixo por alguém que não eu com tremenda facilidade. Não quero pensar que isso de facto aconteceu. Mas é isso que me fazem sentir. E eu quero tanto estar errada quanto a isso. Mas não costumo enganar-me em relação ao que sinto. Mas quero tanto estar errada…

Não é fácil ser eu. Preferia, mil vezes, ser alguém que não sente nem metade do que sinto. Com a intensidade que sinto. E se, há seis meses, não foi fácil acreditar que não tinha perdido ninguém, hoje é quase impossível. Porque sinto que está para muito breve um último encontro…

“Somos o que somos” é tão diferente de “a amizade não tem que se perder”. Perdeu-se pelo caminho…afinal, não somos amigos, apenas somos o que somos. E é o mesmo que dizer que não somos nada.

Cinco anos. E eu, que sempre vi esse tempo como algo de positivo, hoje percebi que foi tempo desvalorizado pelo outro lado. Não foi absolutamente nada. Significou zero.

Se estou bem com esta perda? Claro que não. Mas também esta perda hei-de superar. Se serei a mesma? Não. Decididamente não. Agora é altura de sentir, novamente, tudo o que há a sentir. E depois é tempo de fazer o luto. E eu estou cansada de fazer lutos por tantas pessoas que já perdi. Agora vai ser mais uma pessoa nesse lote. Vai ser mais um luto. Se vai ser fácil? Não, não vai. Mas vai ser necessário.

Hoje foi o que foi. Amanhã? Logo se vê.

Mas sim, a vida é sempre a perder… E hoje voltei a perder alguém que não queria, de maneira nenhuma, perder. Mas perdi…e, se calhar, perdi algo que nunca tive: um amigo…