Decididamente, hoje foi (e ainda é) o dia do Não Sei.
Não sei o que fiz na Segunda feira.
Não sei como me estou a tornar tão intolerante ao ruído, não apenas sensível.
Não sei explicar o incómodo que sinto quando a televisão está em determinados canais.
Não sei explicar o incómodo, seja ele por que razão for.
Não sei porque é que, por vezes, me sinto tão confusa mentalmente.
Não sei porque é que passei o dia todo com vontade de deitar a cabeça num colo e chorar.
Não sei porque é que continuo a não conseguir chorar.
Não sei como me sinto.
Não sei como é que o meu corpo se sente.
Não sei como traçar o (suposto) plano que tenho para combater isto que me apanhou na curva.
Não sei porque é que estou há horas no cadeirão quando prometi a mim mesma que ia dormir cedo e, neste momento, a noite já roça a madrugada.
Não sei onde estou nisto que me apanhou na curva.
Não sei o que me espera na segunda feira na consulta com o especialista.
Não sei o que esperar da consulta de segunda feira com o especialista.
Não sei quais são as perguntas que quero fazer na consulta apesar de serem muitas.
Não sei o que esperar da medicação.
Não sei o que esperar da progressão apesar da medicação.
Não sei sequer porque é que estou a escrever esta lista.
Só sei que hoje foi (e ainda é) o dia do Não Sei.
Estou confusa. Baralhada. Perdida. Não sei o que fazer para que isto passe.
Acho que o melhor é mesmo ir descansar. Dormir. Aninhar. Aconchegar-me à distância de um clique naquele abraço onde me escondo do Mundo até amanhã.
Não sei como vai ser amanhã, mas deve ser novamente um dia a ver o tempo passar.
Não sei. Decididamente, hoje foi (e ainda é) o dia do Não Sei.
E eu não sei até quando é que vou conseguir aguentar tudo isto em cima de mim…