Faltam poucos minutos para a 1h da manhã e alguém já devia estar a dormir há muito tempo. Mas continuo MUITO zangada. Não só comigo mesma, que já estou há muito tempo, mas também com o psicólogo que NÃO SABE ouvir. Que faz consultas de 35 minutos, te deixa falar 15 minutos e os restantes 20 são para MAIS UM TESTE de avaliação. O que é que ele tanto avalia? Não faço ideia, mas logo se vê. Pode ser que, quando tiver os resultados, entenda que eu PRECISO de ajuda. Não só para aceitar o diagnóstico, que continua a ser uma batalha diária ao ponto de não conseguir verbalizar o nome do que tenho nem sequer escrevê-lo (e ainda me pergunta “mas sabe o que tem, não sabe?” como se já não estivesse cansada de o saber!), mas também para lidar com a frustração do diagnóstico e com o peso da SOLIDÃO que, coincidência ou não, começou a ser cada vez mais insuportável desejo o diagnóstico. E, já agora, se não for pedir muito!, não me apontar o dedo quando lhe digo que sinto que deixei de existir e ele diz “acho que está muito zangada. Isso não será uma cobrança?”…
Eu sei que fiquei mal habituada ao fim de 8 anos com o terapeuta fofinho. Porque, desde o primeiro dia!, ele sempre me soube ouvir, sempre soube ler nas entrelinhas, sempre foi a minha luz-guia que me orientou para eu própria encontrar o meu caminho.
Mas com este…desde a primeira consulta em Julho (e esta foi só a terceira) que lhe dei todas as informações necessárias e lhe disse, directa e indirectamente, que PRECISO DE AJUDA! Mas ele não ouve o que lhe digo. Isso ficou explicito logo na primeira consulta.
Por isso, sim!, continuo muito zangada. Nisso ele acertou. Mas agora já não estou zangada só comigo. Estou zangada também com ele! 35 minutos de consulta, sendo apenas 15 aqueles em que pude falar depois de um intervalo de mês e meio desde a última consulta. E mais mês e meio até à próxima.
São consultas só para picar o ponto, está visto. E quando eu digo que preciso de ajuda, é porque PRECISO MESMO!
A Solidão é uma coisa filha da mãe. E quando aliada à Depressão chega a ser perigosa…e eu não vou negar que tenho medo. De regressar àqueles dias em que pensei EM TUDO. E que só a presença da minha mãe conseguiu impedir…