Daily Archives: 20/03/2023

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Segunda feira. Primeiro dia de férias. Acordar cedo, mas não a horas impróprias. E sono. Muito sono. Muita preguiça. Muita moleza. Horários para cumprir? Só o dentista às 15h. Deu para passar a manhã devagar, devagarinho, quase parada.

A tarde, já o sabia, seria sozinha comigo mesma. E foi. Depois do dentista, um café na esplanada dos Domingos. Que, com o bom tempo, ao fim de semana se torna infernal de tanta gente que tem. Mas que, durante a semana, é um sossego e o sítio perfeito para quem quer variar um pouco e não ir perder tempo na esplanada do costume onde não se aprende nada de jeito.

Um dia de Sol lindo. E aquele calor suficiente para deixar o blusão em casa. Já tinha saudades de dias assim. Sem frio!

A praia, já ali ao fundo da rua, chamou por mim. Não me apetecia ir até lá sozinha, mas também não me apetecia fechar-me em casa. Já que ia estar sozinha de qualquer forma, então que fosse perto do mar. E foi.

A minha cabeça ainda não é a melhor companhia. Ainda faz algum barulho. Mas, agora, já consigo abafar esse ruído com música e mãos ocupadas, nem que seja só com o telemóvel. Havendo telemóvel com bateria suficiente, há música e Internet. E eu não passo sem essas duas coisas. A música que abafa o ruído da minha cabeça, a Internet que me permite, de alguma forma, estar perto dos outros e combater o meu isolamento auto-imposto. Não lhe quero chamar solidão, mas é isso que é. E não é fácil lidar com ela quando não há mesmo ninguém por perto. Fazia-me bem socializar, estar com pessoas, fazer alguma coisa em conjunto. Mas sempre fui de me isolar. De me fechar. De estar longe. E só eu sei o peso que sinto devido a esse isolamento auto-imposto…

Foram duas horas na esplanada à beira da praia. E deu para pensar em muita coisa. E deu para pensar em nada. Foi tempo para mim. Tempo comigo mesma. Se cheguei a alguma conclusão? Claro que não.

Sei que estou sozinha quando merecia ter alguém do meu lado. Porque é que não tenho? Não sei. Nunca soube. Mas sei que é muito fácil ter alguém só para passar um bom bocado e depois segue cada um para seu lado. Mas não é isso que eu quero. Nem é disso que preciso. O que eu quero, o que eu preciso, é ter alguém ao meu lado que me veja por inteiro. E me aceite como sou. Nem mais, nem menos. como sou. E sou tanto.

Digo que não a muitas coisas? Digo. Mas também digo que sim a tantas outras. Sou uma caixinha de surpresas? Sou. Mas maioritariamente boas surpresas. Não sou difícil de lidar. Só têm que me dar tempo para me dar a conhecer totalmente. Porque sou tanto mais do que mostro à primeira vista…

Foi um dia longo passado comigo mesma. Até há um tempo atrás isso seria tarefa impossível de acontecer. A minha cabeça, nessa altura, fazia um barulho ensurdecedor. E falava-me coisas que eu acreditava e que hoje sei que não são verdadeiras. Mas continua a haver algum ruído, algum burburinho que ainda me incomoda. Por outro lado, também há aquele eco que não me larga e me repete que eu sou tanto mais do que a maioria das pessoas vê…

E é isso que eu quero mostrar a quem, de facto, vale a pena: aqueles que querem conhecer-me por inteiro. Não sei quem são, nem onde os encontrar. Mas sei que existem.

Amanhã? Novamente um dia de férias. Onde o meu tempo é, de facto, meu. O resto, logo se vê. Não adianta ter pressa. Já sei, por experiência, que ao ter pressa sai asneira e corre mal. Por isso, sigo sem pressa. Depois, logo se vê…