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Das coisas para as quais já não há pachorra: pessoas sem noção. De nada. E, por já não ter pachorra para elas, cada vez mais me convenço que não tenho que as aturar. Nem levar com elas quando se sentem ofendidas apenas e só porque, aparentemente, terei falado mais alto do que devia ao indicar o sítio correcto para parar o carro para eu poder sair em segurança, sem me arriscar a levar com um carro em cima.

Foi o suficiente para estalar o verniz, logo pela manhã, e ouvi-la dizer que não admite que lhe falem naquele tom. Sei que continuou a barafustar enquanto eu saía do carro. Devagar, como agora saio sempre. Mas eu deixei de ouvir ali, no “não admito“.

Porque, assim que o ouvi, me lembrei que também eu não admito tanta coisa que partiu sempre dela. Como, há pouco tempo, ao telefone comentar que tinha chovido de manhã. Apenas respondi “não dei por nada” para de imediato ouvir “TIVESSES IDO TRABALHAR!” Respirei fundo e disse o que digo sempre: quem me dera estar em condições de ir trabalhar. Ela continuou a bater na mesma tecla. Calei-me para não me chatear.

Sei que ela não acredita no meu diagnóstico e desde o primeiro dia sempre desvalorizou as minhas dificuldades e limitações que o diagnóstico justifica. Mas que ela acha que não.

Também me lembrei daquela frase que ela me atirou, em 2014 no “Verão que não o foi“, poucos dias depois de ter perdido o meu filho. “Se não aconteceu não é para ser falado!” Também me lembrei do que me disse quando confrontada com essa frase: “Isso é mentira! Eu NUNCA disse isso!Negou. Voltou a negar. E aposto que, se fosse confrontada hoje, 10 anos depois, continuaria a negar a barbaridade cruel que me disse, entre outras pérolas que ouvi da boca dela naqueles dias.

Conhece-me há 47 anos. Desde que nasci, portanto. Viu-me crescer. Sempre de muito perto. Mas continua a não acreditar que eu estou doente. E estou!

E não!, eu não tenho que continuar a levar com isto. “Já sabes que ela é mesmo assim”, diz-me a minha mãe. Está bem, que continue a ser, então. Mas, preferencialmente, longe de mim. Não tenho paciência nem preciso de pessoas assim. Porque, ao contrário dela, eu não me esqueço. De nada. Ela? Já não posso dizer o mesmo…

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