Hoje, e ainda muito cansada do dia de ontem, foi dia de análises marcadas no Hospital para controlar valores, dada a toma diária e em jejum de um antibiótico que se vai manter presente até Fevereiro como terapêutica preventiva para a tuberculose latente, em que os valores da função hepática têm que ser verificados todos os meses. No mês passado os resultados já mostravam alguma alteração dos valores da função hepática. Não sei se é possível fazer alguma coisa do meu lado para evitar essas alterações. Sei, sim, que se os valores continuarem alterados ou até se tiverem piorado existe a possibilidade de trocar de antibiótico. O que não pode mesmo acontecer é interromper esta terapêutica, que é preventiva, na tentativa de eliminar o bacilo que carrego comigo e que apanhei sabe-se lá como. E, estando latente, é um risco demasiado elevado para quem, como eu, neste momento está sem sistema imunitário. O bacilo está a ser combatido. E, estando latente, não pode acordar! Acordar o bacilo da tuberculose, desenvolver a infecção, neste momento sem sistema imunitário? Não pode acontecer!
O que também não pode acontecer são as alterações da função hepática, mas essas são de mais fácil resolução. Acho eu… É uma questão de trocar o antibiótico e esperar para ver. Porque essas alterações também podem trazer complicações graves.
E é por isso que, todos os meses, vou até ao Hospital recolher sangue para verificação de valores. Como fui hoje. Mas hoje, e tendo a consulta marcada para depois de amanhã para se falar dos valores actuais, não houve recolha de sangue… Os técnicos de diagnóstico estiveram em greve. Que não contesto, que apoio, que concordo. Já ontem estiveram de greve também. Mas hoje…só eu sei o que me custou sair da cama de manhã ainda cansada de ontem…
Mas, cansada ou não, foram dois autocarros para lá chegar, tirar uma senha com 32 pessoas à frente e esperar. Não para ser chamada para recolha de sangue porque só os doentes oncológicos estavam a ser atendidos, o que é compreensível. Foram 2 horas de espera unicamente para remarcação das análises…
Liguei, claro, para o CDP para remarcar a consulta de quinta feira às 8h30, uma vez que não havia análises para ver e ainda tenho medicação para mais uns dias para lá da consulta. “Não estamos autorizados a fazer remarcações até ao final do ano“, foi a resposta que me deram, “se tem consulta marcada tem que vir na mesma“…
Está bem, quinta feira às 8h30 lá estarei. Felizmente amanhã não tenho nada marcado, não tenho horário para acordar, vou finalmente poder descansar. A ideia, quando voltei do Hospital, era almoçar, beber o meu café em casa e aterrar no sofá. Cheguei a casa às 16h30. Almocei depois das 17h. Fui para o cadeirão beber o meu café, fumar o meu cigarro e já não consegui ir para o sofá…
Não só não tinha coragem para sair do café por causa das dores nas pernas e no quanto me custa levantar e conseguir caminhar até ao sofá. Mas também porque, à distância de um clique, estava ele. E estar com ele, mesmo a 135km de distância mas sempre presente à distância de um clique, é sempre a melhor parte do meu dia.
É a minha paz. A minha tranquilidade. A minha segurança. Podia dizer que é o meu porto de abrigo. Mas seria insuficiente para descrever tudo aquilo que ele (me) é. É aquela metade de mim que me estava a faltar. E (re)encontrá-lo a 5 de Junho de 2023 foi a melhor coisa que me aconteceu. E que todos os dias melhora mais um bocadinho. E sabê-lo sempre lá, sempre presente, sempre comigo, mesmo que não o veja, não o sinta, não o cheire, não prove o sabor do seu beijo nem o calor do seu abraço que me acolhe, aconchega e protege, não tem preço.
E ninguém imagina, nem ele próprio imagina!, a força que todos os dias me dá para enfrentar seja o que for com que eu me depare.
Não há explicação para o que existe entre nós. Quero dizer, há! Mas é uma explicação que poucos entendem ou aceitam. Mas ninguém tem que entender ou aceitar. É uma coisa só nossa, que ambos aceitamos e entendemos. Mesmo que, às vezes, ainda perguntemos “como é que é possível?”. A intensidade. A verdade. O que ambos sentimos. O que ambos queremos. O que ambos vivemos. Todos os dias desde aquele dia 5 de Junho de 2023 em que um simples “Olá” abriu as portas àquilo que eu chamo de reencontro. Porque ambos sentimos que nos conhecemos, que nos pertencemos desde sempre. Outros tempos? Outras vidas? Essa é a única coisa que, realmente, não sabemos explicar. Mas desde aquele dia que sabemos que aquele não foi o primeiro dia, o primeiro encontro.
Sim, ele é aquela metade de mim que me estava a faltar. Disso não tenho dúvidas. E sabê-lo, senti-lo, vivê-lo!, é uma coisa extraordinária. Que nunca pensei experenciar. Saber. Sentir. Viver! Nunca pensei que tivesse essa oportunidade. Não sei porquê. Sempre me achei não merecedora disto. Mas depois lembro-me que fui eu quem, numa qualquer rede social, sem qualquer outra intenção que não apenas dizer “Olá” a quem me acompanha, fui eu quem abriu aquela porta para o Mundo. E não sei como, talvez porque o Universo estava atento, ou se calhar estava à espera que eu abrisse essa porta!, poucos minutos depois recebo uma mensagem privada em resposta ao meu “Olá”. E lá estava ele. A única pessoa que me respondeu, na verdade. Porque, e cada vez acredito mais nisso, aquele “Olá” estava destinado apenas para ele. Só ele leu o “Olá”. E, de alguma forma, encontrou a tal porta aberta e chegou até mim. Até ao destino? Não sei. Sei que, logo no primeiro momento, o reencontro foi intenso. E, nas palavras dele há poucos dias quando conversámos mais uma vez sobre aquela publicação, o meu “Olá” foi, para ele, avassalador. E isso é tão bonito.
Hoje, mais de um ano depois, continua a ser avassalador. Não só o “Olá” mas todo aquele amor intenso que temos um pelo outro mesmo que nunca nos tenhamos visto ao vivo. Nunca tenhamos estado juntos. Nunca tenha sido sentido aquele abraço. Nunca nos tenhamos tocado. O beijo que nunca existiu. O cheiro que nunca tenhamos incorporado em nós.
São 135 km de distância. Não é muito, é verdade. Não é impossível percorrer a distância. Mas a vida também sabe não ser justa e as circunstâncias que existem são o que são. Mas não tenho dúvidas nenhumas: não será por isso que o nosso amor vai terminar. Somos dois? Não. Somos um só. Ele lá. Eu aqui. Mas sempre presentes um no outro. E a caminhar de mão dada. Nos dias bons. Mas especialmente nos dias menos bons. Ou até mesmo maus.
Sem ele comigo o Mundo é um lugar estranho. E com ele sempre comigo, sempre em mim, a metade de mim que me estava a faltar, tudo é tão mais bonito, tudo é tão mais simples, tudo é tão mais fácil…
Já não me imagino sem ele. E, claro, tenho medo por ele. Porque, se lhe acontecer alguma coisa, eu dificilmente saberei. Mas provavelmente sentirei. E não será nada bom…
Sim, já não me imagino sem ele. Porque ele faz parte de mim. Aquela metade que eu não sabia que me faltava. Com ele, estou inteira, completa. Sem ele…? Provavelmente seria apenas nada…
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