…e quando dar um passo atrás é ter a coragem e a certeza de ser o mais importante passo em frente…?
…as tatuagens na memória permanecem marcadas em nós, por um tempo indeterminado, enquanto a nossa função cognitiva o permitir…
…as tatuagens na pele ficam para sempre e, além disso, são tangíveis. E, cada vez mais, eu sou de tocar. De sentir a presença física. Logo ali, na pele.
Cada uma das minhas tatuagens na pele têm um significado, uma história. Que é, também, a minha história. Só minha, independentemente do número de personagens com voz activa nessa história.
As tatuagens na memória são momentos. Únicos. Especiais. Irrepetíveis, tantos deles. Todos eles. Com significado, claro que sim, ou não seriam tatuagens na memória. Mas são só isso: recordações que, um dia, a memória pode simplesmente perder. Não são tangíveis. Não há toque. Não há presença física. Não há cheiro. Não há sabor. Não há o calor de um abraço. Nada disso existe nas tatuagens na memória. E eu, cada vez mais, sou de tocar. De sentir a presença física, logo ali, tal como uma tatuagem na pele. De sentir o cheiro. De provar o sabor. De retribuir o abraço, com o mesmo calor, com a mesma força, vontade e intensidade. E as tatuagens na memória não me trazem nada disso…não são tangíveis…são, apenas, momentos. Impossíveis.
….e, tantas vezes, demasiadas vezes!, dar um passo atrás é ter a coragem e a certeza de ser o mais importante passo em frente…
[Cresci a dizer a mim mesma que não, isto não era para mim, nunca o iria fazer, nunca o iria aceitar. Hoje repito para mim mesma que, desde o primeiro dia, sabia onde me estava a meter, qual seria o meu papel, o meu lugar. A minha importância enquanto personagem de uma história que não procurei, mas que simplesmente aconteceu. E agora…? Agora já não sei…nada.]