Segunda feira e, novamente, acordar tarde. Muito tarde. Demasiado tarde. Tudo porque ontem nem eu nem a minha mãe tínhamos sono. E estivemos as duas entretidas e bem dispostas a ser o que somos sempre: mãe e filha, as melhores amigas uma da outra. Na conversa. A mexer em papéis. A comprar livros online. A dizer disparates de vez em quando porque também fazem parte dos nossos momentos a duas.
Acordar com uma mensagem no Messenger: “vai uma entrega a caminho“. Oi? Como assim? Fiquei sem saber o que responder. Mas, admito, fez-me muito bem receber essa mensagem inesperada. Não por saber que vem (mais) alguma coisa a caminho, mas pelo tamanho do gesto. De carinho. Disponibilidade. Atenção. Tudo isso tem um tamanho que não se consegue medir. E menos se consegue medir quando, à noite, ela me diz que é um mimo, com sentimento e cuja única intenção é fazer-me sorrir. E a verdade é que, só pela mensagem inesperada, já me fez sorrir o dia todo. Senti-me aconchegada. Acolhida. Aceite. Especialmente quando ela me disse que não estou sozinha. Que a ausência física custa, mas não estou sozinha. E eu, claro, grata por todo este carinho e sem saber mesmo o que dizer, o que responder. Quando a minha vontade era agradecer com um simples mas sincero abraço…
Depois do almoço, chegou a encomenda que eu esperava. Aquela que ficou aceite como sendo a prenda de Natal da minha mãe para mim. Uma caixa grande e bonita. Cor de rosa, obviamente! A encomenda que foi entregue às 15h35m e que, durante horas a fio, ali ficou na sala, em cima do banco, à espera que eu a abrisse. Eu sabia exactamente o que estava dentro da caixa. Fui eu que escolhi. Que efectuei a encomenda. Que tratei do pagamento. Não seria nenhuma surpresa dentro da caixa. Mas, ainda assim, fui adiando a abertura. Porque, mais uma vez, aquele friozinho na barriga da antecipação instalou-se em mim. E quis saborear esse friozinho. Essa ligeira ansiedade boa. Porque é tão raro receber presentes, quis sentir essa coisa tão boa que é receber um presente.
A caixa manteve-se fechada até depois da meia noite. E, lá dentro, tudo aquilo que eu esperava. E, ao abrir, a minha mãe dizer-me que, afinal aquela prenda é de mim para mim e não dela para mim. Fiquei algo confusa, claro. Mas feliz na mesma. Independentemente de quem é a prenda, são dois artigos que eu efectivamente preciso. E são tudo o que esperava, mas ainda melhores.
Conforto e qualidade. E lindos. E, com isto tudo, esta noite vou dormir muito aconchegada por estas pequenas coisas que preencheram o meu dia.
A presença dele também me aconchegou depois do silêncio de ontem. E sabê-lo à distância de um clique sabe-me sempre tão bem. Faz-me sempre tão bem. Mesmo que, por vezes, a minha insegurança e o meu medo tentem tomar conta de mim. Mas, sabendo-o lá à distância de um clique disponível para conversar sobre o que se passa comigo, ou até mesmo com ele, tenho a certeza de que a minha insegurança e o meu medo não ficam presentes por muito tempo. Porque ele, só de estar lá à distância de um clique, só de ter disponibilidade e vontade para conversar, me tranquiliza e me fortalece. E é também por isso que gosto tanto dele.
Claro que, entretanto, a noite já entrou na madrugada. Mais uma vez. E não pode continuar assim. Mas, amanhã, vou obrigar-me a acordar cedo de qualquer forma. Para, à noite, conseguir obrigar-me a deitar-me cedo.
Por hoje já chega. Ainda estou numa espécie de estado de graça por todas as coisas que parecem pequenas e que, na realidade, são enormes. E que me sabem tão bem. E que me fazem tão bem. Mas está mais do que na hora de dar o dia por terminado. Amanhã? Pedi-lhe uma espécie de “serviço de despertar” para as 9h. Mas duvido que vá acontecer, sei que não gosta de falar ao telefone, embora já tenhamos falado algumas vezes. E, para quem não gosta muito de falar ao telefone, já aconteceu mais do que uma vez falarmos mais de uma hora! E agora, ao lembrar-me disso, dou por mim a rir sozinha. Porque ele diz sempre que não diz nada de jeito, mas depois a conversa simplesmente fui.
Mas por agora chega. A corujinha tem que ir descansar, dormir até o despertador tocar às 9h. E, se o telefone também tocar às 9h, pode ser que um certo polvinho tenha aceite o desafio. Logo se vê. O mais importante neste momento é sair do frio, aquecer as almofadas, vestir o pijama e enfiar-me na cama. Onde, todas as noites, enrosco nele na nossa conchinha de bichinho de conta que só nós entendemos.
Hoje foi um dia bom. Amanhã também será.