Daily Archives: 26/12/2024

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Manhã de Yoga a uma quinta feira. O suficiente para me baralhar o calendário. Porque o Yoga de manhã acontece ao Sábado. Quinta feira é dia de Yoga ao final da tarde. Mas, calendário baralhado ou não, a manhã foi aquilo a que se pode chamar de tudo de bom.

Aula maravilhosa, com uma energia rara de encontrar. Cada nova postura um desafio. Cada desafio superado é sinónimo de uma pequena grande vitória pessoal.

Percebi só hoje que, mesmo sendo o Yoga já de si uma actividade lenta, ultrapasso mais facilmente as faltas de equilíbrio se me mover de forma ainda mais lenta. E, dessa forma, consegui mais uma vez executar e manter as posturas que já tantas vezes me fizeram cair por falta de equilíbrio.

A energia da aula hoje foi incrível. Tudo fluiu de uma forma plena, consciente, ao mesmo tempo intensa na energia que quase se podia tocar.

No final, no lugar do relaxamento simples, mais uma vez Yoga Nidra. Aquele relaxamento profundo acompanhado de uma meditação guiada e uma nova viagem para nem sei onde. Hoje não foi o Azul. Não me consigo recordar da viagem de hoje. Apenas me recordo de me ter sentido muito bem, de uma forma que só quem pratica entende. Foi bom? Não. Foi melhor do que isso. Como é sempre.

Depois da aula, café na esplanada ao Sol com o Professor Pedro. Ainda um bocadinho fora, voltar destas viagens às vezes demora. Mas cá o suficiente para continuar a sentir a energia a fluir. Sol, café e uma conversa interessante. Era disto que eu andava a precisar: alguém com tempo, disponibilidade e vontade de conversar comigo sobre coisas normais. Soube bem. Muito bem.

Depois do café na esplanada e da conversa que soube bem, fazer tempo para o autocarro, agora sozinha. E a praia logo ali, do outro lado da estrada. Claro que não tinha como não ir até lá. Respirar o ar do Mar, ver o azul do céu riscado pelo branco das nuvens, ouvir o som das ondas daquela maré baixa numa praia sem ninguém. O sossego. A paz. A tranquilidade. O respirar fundo de forma consciente e simplesmente sentir. Desta vez sem música para me distrair e estar realmente ali naquele momento. E, na minha cabeça, a ecoarem as palavras do Professor Pedro: “estamos no Yoga para nos reconectarmos connosco”. E foi aí que confirmei que é exactamente disso que eu preciso: reconectar-me comigo mesma.

Cada vez sinto mais necessidade de me reencontrar com a natureza. Com o mato. A vegetação. As árvores. Enraízar-me. Reencontrar-me.

O último ano tem sido um grande desafio. E tem sido muito difícil manter a certeza de que eu continuo a ser EU. Assumir, aceitar o que me apanhou na curva tem sido outro grande desafio. Daqueles que eu chego a fazer de conta que não existem, que eu não preciso de ultrapassar porque nada vai mudar, eu vou continuar a ser EU, está tudo igual. Quando não é verdade. E eu sei que não é verdade.

Tudo mudou. E até eu estou a mudar de alguma forma. E o Mar, que eu gosto tanto de ter tão perto e de, de vez em quando, ir ver e respirar fundo aquele ar salgado, é perfeito para desconectar. Desligar o chip. Esquecer o que se passa à minha volta. Esquecer o que se passa comigo. Quando, na verdade, o que eu preciso é de me reencontrar. De me redescobrir. De me reconectar comigo mesma.

E é aí que entra essa necessidade de mato. De vegetação. De árvores. Porque, se o Mar desconecta, se desliga o chip, cada vez mais estou desconectada de mim mesma. E não posso. Preciso de, literalmente, voltar à terra, aos ramos partidos das árvores, às folhas da vegetação que nos fazem sentir que temos raízes profundas para nos tornarem mais fortes. Mais resistentes, resilientes como as árvores. Aquelas que, quando apanhadas no meio da tempestade, vergam mais não quebram…

Sempre disse que, quando fosse grande, queria ser uma árvore. Pela força. Pela resistência. Pela resiliência. Mas também pelos frutos que nascem das flores que brotam das árvores. Resultados de um trabalho interior que não se vê de fora, só os resultados são visíveis. Mas esse trabalho interior existe. É exigente. Mas é possível. E real.

Faz-me falta o verde do mato e das árvores para me reconectar depois de tanto tempo no azul do céu e do Mar que, com o tempo, acabou por me desconectar. De mim mesma.

E é com o Yoga que eu consigo o equilíbrio que me falta para me reconectar comigo mesma, mesmo sem o verde do mato até, pelo menos, à Primavera.

Todos os dias são um desafio. E os últimos dias têm sido uma espécie de momento de reflexão e percepção do quanto me desconectei. De mim mesma, mas também de tudo à minha volta. Da rotina. Do trabalho. Das pessoas. Porque me perdi algures pelo caminho do último ano. E preciso, muito!, de me reencontrar, de me reconectar comigo mesma. E, alcançando essa reconexão que não é imediata, que é um trabalho diário constante, reencontrando-me, reconectando-me comigo mesma, redescobrindo-me neste meu novo normal, aceitar o que me apanhou na curva acaba por acontecer naturalmente. E tudo o resto volta a mudar. Mas para melhor.

Do Yoga: parar para respirar fundo e de forma consciente. Concentrar-me apenas na respiração. Fazer apenas isto por um tempo, breves minutos para começar. Permite-me no final a tranquilidade e serenidade necessárias para voltar a ser EU, o EU que sempre fui mas que se perdeu algures no caminho do último ano. Mas que, curiosamente, com o compromisso que assumi perante mim mesma relativamente ao Yoga, tenho vindo a descobrir em mim, ou se calhar a redescobrir em mim, aquilo que sempre soube que tinha mas que por um tempo esqueci-me: a resiliência. Porque, afinal, há muitos anos que digo que quero ser uma árvore quando crescer. E é aí que me vou reencontrar, redescobrir, reconectar comigo mesma: no Yoga e em tudo o que o Yoga me traz e me ensina.

Parar para respirar fundo e de forma consciente. Concentrar-me apenas na respiração. E, por hoje e porque a noite já passou a madrugada, vai ser assim que vou terminar o dia. Não tenho a certeza de onde saiu tudo o que aqui registei. Mas não duvido que veio de dentro. Mas por hoje já chega. E o Yoga Nidra deixou-me num estado absolutamente relaxado até esta hora. Como deixa sempre, aliás. E, já sei, este estado ainda profundamente relaxado vai proporcionar-me um sono reparador. Como estou a precisar…