Daily Archives: 15/12/2024

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A esplanada como eu gosto dela: vazia e sossegada. Coisa que só é possível, claro, no Inverno. São 18h41m. No Verão, a esta hora, seria o caos e um barulho infernal. Mas no Inverno, e a pouco tempo de fechar por hoje, é dos meus sítios preferidos para simplesmente estar.

Trago sempre um caderno e uma esferográfica comigo. E já aqui passei algum tempo a escrever. Mas isso ainda foi no tempo em que conseguia vir sozinha. E hoje a vontade era ter passado aqui a tarde a escrever, mas não vim sozinha, claro. E não vir sozinha significa distracções, interrupções e quebras na escrita.

Tenho uma carta (muito) especial para escrever. Pediram-me para escrever uma carta de amor. E, tenho a certeza, será uma carta ridícula. Porque diz Fernando Pessoa, no heterónimo Álvaro de Campos e com razão, “Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.

De pedido passou a projecto. Mas, se não me engano, esse desafio de projecto já fez, ou está a fazer!, um ano. E a carta ainda não foi escrita. Pelo menos não em papel, porque na minha cabeça não pára de crescer. Mas ainda não inventaram nada para passar as ideias directamente da cabeça para o papel!


Mas não, o desafio não foi esquecido. É, até, impossível de esquecer quando todos os dias escrevemos a dois novas páginas nesta carta de amor ainda não materializada.

Um dia destes encho-me de coragem para vir até aqui sozinha. Só eu e a minha bengala para percorrer o caminho de casa até aqui. E, como sempre, trarei o caderno e a esferográfica. E começo a materializar o que vai na minha cabeça para preencher este desafio que me foi proposto por ele para lhe escrever uma carta de amor. Que, já sabemos, será ridícula. Ou não fosse uma carta de amor.