Dia estranho este. Sair de casa antes do calor em excesso para perceber que às 10h já não se aguentava o calor.
Ir à vila buscar o resultado de análises, beber um café na sombra da esplanada servida de um pouco de vento fresco. Ficar ali por um tempo a ganhar coragem para fazer o caminho de volta. O caminho para lá nem custou muito, mas o que custa sempre tanto é o regresso…
E o regresso foi penoso… Doloroso até. Os últimos 200 metros ainda não sei como foram feitos. As dores. A falta de força nas pernas. E o destino já ali à minha frente e eu sem conseguir alcançá-lo tão depressa como noutros tempos…
Chegar a casa, mudar de roupa, almoçar e uma dificuldade tremenda em deslocar-me do cadeirão para o sofá. Dores. Nas pernas. Nos joelhos. Resultado de uma caminhada de 2,810km. Que não é nada. Mas que, no meu caso, é imenso. E que me custa horrores arrastar a minha mãe para isto quando, antes disto, eu ia e vinha sozinha…
Receber entretanto uma mensagem de alguém que conhece alguém que conhece alguém que está no sítio certo para me ajudar: a SPEM. “Ela quer falar contigo, liga-lhe.” E liguei. E percebi que está ali alguém com o coração no sítio certo e que, para além disso, tem todas as ferramentas para me poder ajudar. Vamos começar aos poucos, devagar, mas já com tanta coisa que eu tenho que fazer para fazer valer os meus direitos decorrentes desta coisa que me apanhou na curva.
Agora é começar a organizar-me. E tenho mesmo que o fazer rapidamente. Amanhã é o último dia de tratamento deste ciclo de fisioterapia e depois terei que aguardar por uma vaga. Portanto, vou ter tempo para me organizar. Só preciso que o meu corpo corresponda e não ceda ao cansaço ou à fadiga e me permita fazer algo por mim, especialmente agora que tenho quem me dê a mão e me oriente…
Claro que, mais uma vez, queria deitar-me cedo. Claro que, mais uma vez, não vai acontecer. E a vontade de chorar não me larga…mas, para variar, não choro porque não consigo…
Preciso de colo, preciso de um abraço. Mas só os consigo ter à distância de um clique. E ainda bem que os tenho! Porque me fazem não desistir de mim mesmo sem saber. Já lhe disse isso. Tinha que o dizer. Por isso, agora que já é hora de enroscar e aninhar, vou só ali receber e sentir esse colo e esse abraço que tanta falta me fazem, que tão bem me fazem.
Amanhã? Logo se vê. Mas, dependendo de mim, será um dia bom. Porque é o que eu quero, é o que eu procuro, é o que eu preciso.