Domingo. Aquele dia dedicado a não fazer nada. Ou, no limite, muito pouco. Como hoje.
Acordar cedo para tomar o antibiótico, voltar a dormir porque o despertador para a toma toca muito cedo. Voltar a acordar, desta vez com calor e fome. Tomar o pequeno almoço, beber café, apanhar um bocadinho de ar fresco que me chega da janela aberta. Mas o sono aperta, mesmo depois do café. E não ter planos para fazer seja o que for não ajuda. Ir à praia seria uma opção, se não fosse o calor que já estava e que eu devo evitar. Por isso, havia um destino possível, uma única opção, a escolha mais correcta: ouvir o meu corpo e obedecer-lhe. Voltei para a cama, claro. E desconfio que já estava a dormir ainda antes de lá chegar, tal era o sono que tinha.
Obedeci ao meu corpo. Aninhei. Apaguei totalmente. Morri para o Mundo. O dia todo…
Acordei já a tarde ia longa. E, já mais recuperada, o meu corpo dizia-me que tinha que me mexer, sair à rua, caminhar até onde fosse possível. E assim foi. Uma paragem no café junto ao parque. Depois do café, rumar ao meu banco preferido no parque inteiro: aquele que, não ficando assim tão longe da entrada, é mais alto do que os restantes bancos e me permite ficar a baloiçar as pernas e os pés.
O caminho para a praia passa por ali. É só seguir o caminho de alcatrão e estamos no paredão em frente ao Mar. A vontade era seguir o caminho até lá, mas o vento forte e frio fez-me desistir da ideia. E o meu corpo, novamente as minhas pernas, diziam-me para não ir. Porque para lá, da forma como me sentia, já ia ser difícil. Regressar seria quase impossível…ou, pelo menos, iria demorar muito tempo, demasiado tempo.
Sei que brevemente terei que me obrigar a ir até à praia. Porque me está a fazer falta ir até lá. A maré baixa espera por mim e hoje, ao final do dia, a julgar pelas imagens da beachcam, estava novamente o cenário perfeito para o que preciso e para o que quero. E, percebi hoje, as visitas à beachcam têm-me deixado profundamente deprimida. Porque a praia está já ali ao fundo e eu não consigo ir até lá!
Regressei a casa, claro, a custo desde o meu banco do parque. Jantei. Prometi a mim mesma que me ia deitar cedo. Não vai acontecer. Já passa das 23h45 e ainda aqui estou…
Mas não vou ficar por aqui muito mais tempo. O dia foi o que foi. Nada a fazer. A frustração continua em alta. Mas o meu corpo está cansado. Não sei ao certo do quê, mas está.
Dou o meu dia de hoje por encerrado. Amanhã logo se vê se vou ter coragem para, ao final da tarde, fazer a caminhada até à praia, com descida ao areal, sentir as ondas da maré baixa nos pés e, depois, conseguir voltar para casa sem grande esforço e sem demorar demasiado tempo.
Vamos ver como corre o dia amanhã. Agora vou ali em busca do meu aconchego de final de noite e, depois, descansar.