Daily Archives: 16/07/2024

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Se alguém me perguntar como foi o meu dia hoje, não saberei responder. Até porque até ao momento em que comecei a escrever simplesmente não me lembrava de como tinha sido a minha manhã…

Depois de uma noite em que dormir era a última coisa que queria fazer, tendo adormecido muito para lá das 3h da manhã depois de uma conversa o mais honesta possível com a minha mãe sobre a minha condição actual, o que sinto, o que penso, o que me dá medo, acordei até relativamente cedo quando preferia ter dormido o dia todo apenas para não ter que enfrentar novamente a frustração, as dificuldades físicas, as limitações e condicionantes, a dor em casa passo…

De manhã fomos até à farmácia. Que não fica a muito mais de 450 metros. A coisa boa da ida à farmácia foi a passagem pela balança que me oferece sempre 2 cm a mais e me confirma que, devagarinho, estou a perder peso, aquele extra que veio com a medicação introduzida no ano passado e felizmente já retirada. Deve ter sido o momento alto do dia. Menos 1 kilo num mês, sem esforço, sem dietas, sem restrições, sem alterações para além da fisioterapia e a manutenção do Yoga. Podia dizer que também faço caminhadas, mas estaria a enganar-me a mim mesma, porque já sei que é com muita dificuldade, muitas dores e muito esforço que caminho seja lá para onde for. E cada vez aguento menos um simples passeio. Como o desta manhã: a ida à farmácia.

Para lá correu bem, ou o melhor possível. Depois da farmácia, uma passagem pela esplanada onde estivemos tempo suficiente para descansar e recuperar as pernas. Mas, mesmo assim, os 400 metros de volta a casa foram, como são sempre os regressos, muito dolorosos e a muito custo. No total, quando cheguei a casa, tinha caminhado 920 metros. Mas as dores e o cansaço diziam-me que tinha feito muito mais do que isso. Não fiz. Mas as dores nas pernas, o cansaço no corpo, o esforço para regressar…

É também por isto que não posso dizer que faço caminhadas. Porque 920 metros não é rigorosamente nada…mas, pelos vistos, para mim já é tanto…

Felizmente a fisioterapia regressa já na próxima semana. E, desta vez, focada no equilíbrio e na marcha. Que preciso tanto de recuperar. Ou, como dizem os especialistas, reabilitar. Volto à rotina diária de autocarro, café na esplanada, fisioterapia, autocarro de regresso a casa, descanso para recuperar o corpo durante a tarde. Mas, confesso, tenho medo de ir sozinha…tenho medo de sentir a falta do apoio à direita, sabendo que à esquerda está garantida a bengala. Mas sozinha…tenho medo, claro. Afinal, só tenho feito sozinha o caminho de casa até ao café e regresso. Mas sempre com receio. Vou manter o meu passo lento para garantir que não me atrapalho. Vou continuar atenta a eventuais apoios à direita, afinal qualquer poste ou qualquer parede me serve.

Medo. É uma palavra que tenho dito mais do que é costume. Porque, e ontem finalmente disse-o em voz alta, eu tenho medo. Eu sinto medo…

A tarde eu tinha reservado para fazer o que faço sempre: aninhar no sofá. Especialmente depois de uma noite curta e pouco descansada precisava de me aninhar no sofá por um tempo. Não aconteceu.

Passei a tarde a tratar de burocracias necessárias para o trabalho e para a transmissão de contrato. E foram horas nisto. Mas está praticamente tudo tratado. Só falta mesmo o Certificado de Habilitações. Agora é esperar.

E, com isto tudo, passou uma tarde inteira em que precisava de aninhar no sofá e não o pude fazer…

Agora já a noite ameaça entrar na madrugada e eu estou cansada, com sono e ainda estou aqui… Amanhã é dia de consulta com o psicólogo novo. Não sei o que esperar, só sei que ainda não o conheço e já sei que preciso dele. Da ajuda dele. Do trabalho dele que sei de antemão que tem que ser um trabalho de equipa, dele e meu. E, para que isso seja possível, é necessário criar empatia. E desejo tanto que essa empatia surja naturalmente em ambas as partes porque, sem ela, a equipa não funciona. E, se não funcionar, não vai haver resultados. E eu preciso de resultados. Preciso de ajuda. Para tanta coisa. Para tantos temas. Porque sozinha não consigo

Já devia estar a dormir? Já… Há já algumas semanas que comprei um caderno já a pensar nesta consulta. Um caderno onde escrever o que trago cá dentro e me leva à consulta. O caderno continua por estrear… Só esta noite me surgiram os temas que quero apontar amanhã como sendo aquilo que mais sofrimento me causa neste momento. E onde é que escrevi? O caderno continua por estrear…apontei no telemóvel, claro. Por estar mais à mão. E, não vou mentir, porque escrever à mão está a tornar-se cada vez mais ilegível.

Mas vou ter que dar uso ao caderno. Vou ter que acabar por materializar todas as questões que me atormentam neste momento. E, um dia, provavelmente com a ajuda dele, também terei que materializar o que se passa comigo, o que me apanhou na curva e que continuo a não conseguir aceitar nem entender como é que chegou até mim, porque é que me encontrou a mim. Eu sei que a pergunta “porquê eu?” não tem resposta. Mas também sei que, para conseguir lidar com tudo isto da melhor forma possível, vou ter que acabar por aceitar o que nem eu entendo o porquê. E eu nunca passei da idade dos porquês…

Percebi agora, enquanto escrevia, que tenho tanta coisa para falar com ele…tanta que não sei sequer por onde começar. A nota que tenho no telemóvel, escrita hoje, aponta para 4 ou 5 tópicos que achei, inocentemente, que seriam esses os tópicos que precisava de abordar com ele. E, de repente, percebi que tenho vários parágrafos de coisas para abordar e não faço ideia como começar…

Bem…amanhã logo se vê. O mais importante agora é que tenho que descansar. Dormir a correr porque amanhã é dia de sair de casa cedo para a consulta. E acreditar que ele é, de facto, a pessoa que me vai ajudar…