Daily Archives: 23/07/2024

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Dia de regresso à fisioterapia. E hoje, finalmente, desde que iniciei os tratamentos na clínica, algures no tempo que já nem sei quando foi (Maio? Por aí…), começámos a trabalhar o mais importante: a marcha e o equilíbrio.

Antes disso, manipulação dos membros. Para ter a confirmação do que já suspeitava: a perna esquerda está pior do que a direita. “Parece estar mais rígida”, diz-me a fisioterapeuta. A terceira que tenho na clínica, a primeira que refere essa diferença.

O joelho esquerdo também tem qualquer coisa. Há meses que me queixo da sensação de ter o joelho inchado. Já perdi a conta ao número de fisioterapeutas que viram, tocaram e mexeram no joelho. Todos me confirmaram o que já sabia: não está inchado. Hoje voltaram a confirmar. Não está inchado, mas acrescentaram “está cheio.” Cheio de quê? Não faço ideia. Mas amanhã pergunto.

Ou seja, tudo isto, a fisioterapia, as queixas, a rigidez da perna, o “joelho cheio”, tudo isto faz parte. É só mais um conjunto de coisas que fazem parte. Daquilo que me apanhou na curva e que eu ainda não consegui aceitar. Um dia, quem sabe…

E depois há o calor. Um calor dos infernos! Eu sei que, há relativamente pouco tempo, queixavamo-nos de ainda estar frio apesar de já ser Verão. Mas agora já está demasiado calor. E, já sei, o calor é o meu maior inimigo. Ou, como me disse o neurologista: “não. O maior inimigo é a doença. Mas, de facto, o calor exacerba os sintomas, incluindo os sintomas adormecidos”. E eu sei que já estou farta de estar em casa há tantos meses. Saio para ir ao café quase todos os dias, saio para consultas de tempos a tempos, agora saio todas as manhãs para a fisioterapia. Mas, à conta do calor, o resto do tempo é fechada em casa onde está mais fresco e, se começar a aquecer, as ventoinhas ajudam.

Tento não escrever sobre o que se passa na minha cabeça. Porque continua a grande confusão. Continuo perdida. Sem saber o que fazer. Pergunto cá em casa. Mas nem a minha mãe me consegue aconselhar… Sinto que precisava que alguém, com mais experiência nisto do que eu, se sentasse comigo, ouvisse as minhas questões, partilhasse a sua experiência e me ajudasse a desenhar o mapa que preciso de seguir…

Mas enquanto nada acontece, vou vivendo um dia de cada vez. Sempre na esperança de ter uma chamada do Hospital de Dia para iniciar tratamento. Mas, depois, lembro-me que no Hospital de Dia não há qualquer pedido em meu nome…! Não quero, claro, pensar que o médico me disse que ele próprio ia naquele mesmo dia ligar para o Hospital de Dia para acelerar o processo só para me calar…

Já não sei o que pensar. Muito menos o que fazer. Só sei que, como está, ou como estou!, não posso ficar… Eu não pedi nada disto! Eu não procurei nada disto! Eu não queria nada disto! Mas isto encontrou-me, apanhou-me na curva e agora aqui estou…com tendência para, progressivamente, piorar. E muitas vezes imagino o cenário dessa progressão e os danos irreversíveis e a vontade é acordar de um sonho mau e chorar. Mas já sei que acordar não vai acontecer. E chorar teimo em não conseguir.

Estou cansada. Não só do dia que já vai longo agora que a noite se aproxima da madrugada, mas acima de tudo cansada de tudo isto

Agora o melhor que tenho a fazer, neste momento, é ir descansar. Deitar a cabeça na almofada, acreditar que a dor de cabeça me vai deixar dormir e descansar. O corpo e a mente…

Amanhã? Logo se vê. Mas espero que, pelo menos o ânimo, seja melhor…